O Telescópio Espacial James Webb registrou imagens em infravermelho próximo e médio de 19 galáxias espirais próximas. As fotos divulgadas nesta segunda-feira (29) revelam estruturas de estrelas, gás e poeira nas menores escalas já observadas além de nossa própria galáxia.
Os registros fazem parte de um grande projeto em andamento, o programa Physics at High Angular resolution in Nearby GalaxieS (PHANGS, "Física em Alta Resolução Angular em Galáxias Próximas"), que é apoiado por mais de 150 astrônomos em todo o mundo.
O PHANGS já contava com dados do Telescópio Espacial Hubble da Nasa, do Multi-Unit Spectroscopic Explorer do Very Large Telescope (VLT) e do Atacama Large Millimetre/submillimetre Array, no Chile. As contribuições de Webb forneceram novidades impressionantes aos astrônomos.
Atualmente, somente Webb pode fornecer cenas altamente detalhadas de galáxias próximas em uma combinação de luz infravermelha próxima e média. Os pesquisadores estão estudando as novas imagens para, em última instância, ajudar na compreensão da formação de estrelas e da evolução das galáxias espirais.
A Câmera de Infravermelho Próximo (NIRCam) do telescópio captou milhões de estrelas nessas imagens, que brilham em tons de azul. Algumas delas estão espalhadas pelos braços espirais das galáxias, mas outras estão agrupadas em aglomerados estelares.
Novas imagens tiradas pelo James Webb como parte do programa PHANGS
Já os dados do Instrumento de Infravermelho Médio (MIRI) de Webb destacam áreas de poeira brilhante atrás, ao redor e entre as estrelas.
Outro destaque são estrelas que ainda não se formaram completamente e que aparecem ainda envoltas no gás e poeira que alimentam seu crescimento. Esses objetos são como "sementes vermelhas brilhantes nas pontas de picos empoeirados", segundo comunicado da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês).
As imagens também mostram grandes áreas esféricas no gás e poeira, que podem ter sido criadas por estrelas que já explodiram. Em vermelho e laranja, é possível ver regiões estendidas de gás nos braços espirais.
Pelo que indicam as imagens, a formação de estrelas começa nos núcleos das galáxias e se espalha ao longo de seus braços, espiralando para longe do centro. Quanto mais distante uma estrela está do núcleo da galáxia, mais provável é que ela seja jovem.
Por outro lado, as áreas próximas aos núcleos que parecem iluminadas por um destaque azul nas imagens são conjuntos de estrelas mais antigas. Já os centros de galáxias inundados por "espinhos" de difração rosa e vermelha podem indicar um buraco negro supermassivo ativo ou a saturação de aglomerados estelares brilhantes em direção ao centro.
Os cientistas do PHANGS lançaram o maior catálogo de estrelas até o momento, contendo aproximadamente 100 mil aglomerados delas. Para os especialistas, esses astros podem ser um ótimo ponto de partida para o estudo dos dados, dentre outras muitas linhas de pesquisa.