Espaço

Por Redação Galileu

Dados da sonda Juno, da Nasa, indicam que a maior lua de Júpiter, Ganímedes, pode ter tido um passado salgado: a espaçonave encontrou na superfície do satélite sais minerais e compostos orgânicos.

A novidade foi divulgada na segunda-feira (30) pela agência espacial norte-americana e faz parte de um estudo publicado na mesma data na revista Nature Astronomy. Os dados da descoberta foram coletados durante uma aproximação de Juno da lua gelada em 7 de junho de 2021.

Na ocasião, a espaçonave voou sobre Ganímedes a pelo menos 1.046 quilômetros de altitude. Pouco após o momento de maior proximidade, o instrumento Jovian InfraRed Auroral Mapper (JIRAM), que foi projetado para capturar a luz infravermelha (invisível a olho nu) que emerge do interior de Júpiter, registrou imagens do tipo.

Além disso, o instrumento capturou "impressões digitais" dos materiais, com base em como refletem a luz, conhecidas como espectros infravermelhos. Os dados JIRAM atingiram uma resolução espacial inédita para espectroscopia infravermelha, sendo melhor do que um quilômetro por pixel.

O instrumento revelou ainda características espectrais exclusivas de materiais que não são água gelada, incluindo cloreto de sódio hidratado, cloreto de amônio, bicarbonato de sódio e possivelmente aldeídos alifáticos.

"A presença de sais amoniacais sugere que Ganímedes pode ter acumulado materiais frios o suficiente para condensar amônia durante a sua formação", disse Federico Tosi, co-investigador da Juno do Instituto Nacional de Astrofísica da Itália em Roma e autor principal do artigo, em comunicado. "Os sais de carbonato poderiam ser resquícios de gelos ricos em dióxido de carbono."

Latitudes protegidas

Anteriormente, modelagens do campo magnético de Ganímedes sugeriram que o equador da lua, até uma latitude de cerca de 40 graus, seria protegido do bombardeio de elétrons e íons pesados criado pelo campo magnético de Júpiter. A presença de tais fluxos de partículas é conhecida por impactar negativamente sais e materiais orgânicos.

JIRAM cobriu uma ampla faixa de longitudes (de 35 graus leste a 40 graus leste) e uma faixa estreita de latitudes (de 10 graus norte a 30 graus norte) — o que corresponde à região de dentro do equador protegido.

"Encontramos a maior abundância de sais e materiais orgânicos nas regiões escuras e brilhantes em latitudes protegidas pelo campo magnético", conta Scott Bolton, principal pesquisador da Juno no Southwest Research Institute em San Antonio, nos EUA. "Isso sugere que estamos vendo os remanescentes de um líquido salino profundo que atingiu a superfície deste mundo congelado."

Cientistas acreditam que Ganímedes possa ter um vasto oceano interno de água escondido sob sua crosta de gelo. Observações espectroscópicas anteriores da espaçonave Galileo da Nasa e do Telescópio Espacial Hubble, bem como do Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO), já sugeriram a presença de sais e materiais orgânicos.

Porém, a resolução espacial dessas observações era muito baixa para fazer uma determinação. Com isso, as novas descobertas podem explicar melhor a origem de Ganímedes e a composição de seu oceano profundo.

Ganímedes não é o único mundo joviano que a Juno sobrevoou. A sonda observou a lua Europa, que acredita-se abrigar um oceano sob sua crosta de gelo, em outubro de 2021, e depois em setembro de 2022. O próximo feito será uma passagem próxima por Io, programada para 30 de dezembro de 2023, quando a nave estará a 1,5 mil quilômetros da superfície da lua.

Mais recente Próxima Missão Juno celebra Halloween com foto de "rosto assustador" em Júpiter
Mais de Galileu

Cientistas observaram região acima da Grande Mancha Vermelha com o telescópio James Webb, revelando arcos escuros e pontos brilhantes na atmosfera superior do planeta

Formas estranhas e brilhantes na atmosfera de Júpiter surpreendem astrônomos

Yoshiharu Watanabe faz polinização cruzada de trevos da espécie "Trifolium repens L." em seu jardim na cidade japonesa de Nasushiobara

Japonês cultiva trevo recorde de 63 folhas e entra para o Guinness

Especialista detalha quais são as desvantagens do IMC e apresenta estudo que defende o BRI como sendo mais eficaz na avaliação de saúde

Devemos abandonar o IMC e adotar o Índice de Redondeza Corporal (BRI)?

Consumidores de cigarro eletrônico apresentam índices de nicotina no organismo equivalentes a fumar 20 cigarros convencionais por dia, alertam cardiologistas

Como o cigarro (inclusive o eletrônico) reduz a expectativa de vida

Artefatos representam as agulhas de pedra mais antigas que se tem registro até hoje. Seu uso para confecção de roupas e tendas para abrigo, no entanto, é contestado

Agulhas de pedra mais antigas da história vêm do Tibete e têm 9 mil anos

Cofundador da Endiatx engoliu durante palestra da TED um aparelho controlado por um controle de PlayStation 5 que exibiu imagens em tempo real de seu esôfago e estômago; assista

Homem ingere robô "engolível" e transmite interior de seu corpo para público

Pesquisadores coletaram amostras do campo hidrotérmico em profundidades de mais de 3 mil metros na Dorsal de Knipovich, na costa do arquipélago de Svalbard

Com mais de 300ºC, campo de fontes hidrotermais é achado no Mar da Noruega

Além de poder acompanhar a trajetória das aves em tempo real, o estudo também identificou as variáveis oceanográficas que podem influenciar na conservação dessas espécies

6 mil km: projeto acompanha migração de pinguim "Messi" da Patagônia até o Brasil

Estudo é passo inicial para que enzimas produzidas pelo Trichoderma harzianum sejam usadas para degradar biofilmes orais

Substância secretada por fungos tem potencial para combater causa da cárie dental

Lista traz seleção de seis modelos do clássico brinquedo, em diferentes tipos de formatos, cores e preços; valores partem de R$ 29, mas podem chegar a R$ 182

Ioiô: 5 modelos profissionais para resgatar a brincadeira retrô