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Por Redação Galileu

A civilização minoica já usava a navegação por estrelas mil anos antes das primeiras menções históricas encontradas na Odisseia, de Homero. É o que revela um estudo feito pelo brasileiro Alessandro Berio sobre como os europeus da Idade do Bronze utilizavam os astros para se locomover pelo mar.

Recebida com destaque em conferência da Associação Europeia de Arqueólogos (EAA), a pesquisa foi registrada no periódico Mediterranean Archaeology and Archaeometry (MAA) em novembro de 2022.

Berio desenvolveu uma nova metodologia para examinar a orientação dos grandes palácios minoicos ao longo das direções de navegação. Para tal, o pesquisador carioca contou com recursos de medição tradicionais de arqueoastronomia e reconstruções astronômicas do céu da época.

Em seguida, o especialista reuniu essas informações com estudos de climatologia e etnografia dos povos da Polinésia e Micronésia. Os resultados mostraram que os minoicos usavam, já na Idade do Bronze, constelações lineares, chamadas de kaveinga pela navegação estelar polinésia.

Mapa mostra orientações dos palácios minoicos em direção a diferentes empórios no Oriente Próximo ao longo de caminhos estelares — Foto: Alessandro Berio
Mapa mostra orientações dos palácios minoicos em direção a diferentes empórios no Oriente Próximo ao longo de caminhos estelares — Foto: Alessandro Berio

O eixo dos palácios dos minoicos estava orientado para o nascer ou pôr de importantes estrelas, que podem ter ajudado os marinheiros a navegar para os movimentados destinos comerciais do Levante e do Egito.

Segundo o estudo, a orientação dos palácios simbolizava a relação especial de centros comerciais estrangeiros com Creta — a maior ilha do mar Egeu, onde os minoicos floresceram de 2.600 a 1.100 a.C.

De acordo com o artigo, os “minoicos podem ter usado caminhos estelares e estrelas zenitais para alcançar os portos mais movimentados do Mediterrâneo Oriental e Egito”. Isso contrapõe uma tese de que os palácios da corte central estavam alinhados em direção a montanhas sagradas ou cavernas.

Alessandro Berio realizou um estudo que pode mudar a compreensão de como a navegação marítima pode ter conectado as culturas da Idade do Bronze no Mediterrâneo — Foto: Alessandro Berio
Alessandro Berio realizou um estudo que pode mudar a compreensão de como a navegação marítima pode ter conectado as culturas da Idade do Bronze no Mediterrâneo — Foto: Alessandro Berio

A navegação celeste permitiu a civilização minoica chegar a cidades mediterrâneas, muitas das quais têm evidências de artefatos minoicos. Os navegantes desta população podem ter usado técnicas semelhantes às empregadas pelas culturas Polinésia e Micronésia.

Estudo sobre a navegação celeste dos europeus da Idade do Bronze aborda como as redes de comércio e intercâmbios culturais ocorreram no mundo antigo  — Foto: Alessandro Berio
Estudo sobre a navegação celeste dos europeus da Idade do Bronze aborda como as redes de comércio e intercâmbios culturais ocorreram no mundo antigo — Foto: Alessandro Berio

Guiar-se pela navegação estelar pode ter desempenhado um papel na ascensão dos minoicos, que se tornaram a primeira civilização na Europa. A nova pesquisa poderá mudar percepções históricas sobre redes comerciais, intercâmbios culturais e navegação marítima no mundo antigo.

Como um próximo passo para comprovar as descobertas, Berio se unirá a um arqueólogo marítimo norte-americano para reconstruir um barco minoico sem materiais modernos. A dupla irá navegá-lo de Creta até o Líbano usando as técnicas dos polinésios para serem guiados pelas estrelas.

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