Com o Telescópio Espacial James Webb, astrônomos detectaram Encélado, uma das luas de Saturno, espalhando uma enorme nuvem de vapor d'água — a maior já vista em um satélite do planeta.
A pluma de água pode conter os ingredientes químicos para a vida, segundo artigo publicado na revista Nature em 18 de maio. A nuvem muito fria e enorme foi vista por Webb em 9 de novembro de 2022, durante uma rápida espiada de 4,5 minutos em Encélado.
Em 2005, a espaçonave Cassini, da Nasa, descobriu partículas de gelo esguichando do oceano subterrâneo da lua através de rachaduras em sua superfície. A nave voou muitas vezes pelas plumas de Encélado, medindo grãos de gelo e produtos químicos amigáveis à vida, como metano, dióxido de carbono e amônia.
Embora Cassini estivesse mais próxima da lua, James Webb, que está a 1,5 milhão de km da Terra, mostrou com seus instrumentos mais modernos que o material da pluma está sendo pulverizado muito mais longe do que se pensava anteriormente – muitas vezes mais fundo no espaço do que o tamanho da própria lua de Saturno.
A nuvem d’água “é imensa”, segundo confirmou Sara Faggi, astrônoma planetária do Centro de Voo Goddard Space da Nasa, em conferência no dia 17 de maio no Space Telescope Science Institute, em Baltimore, no estado norte-americano de Maryland.
Segundo ela, um artigo científico sobre a descoberta será publicado em breve. A publicação quantificará quanta água está sendo pulverizada e sua temperatura. Mas é provável que a pluma seja de baixa densidade, mais como uma nuvem difusa e fria do que como um spray úmido.
Isso não favorece a procura por vida, porque os sinais de vida captados por Webb na pluma podem ser muito escassos para serem detectados. Conforme explica Shannon MacKenzie, cientista planetária da Universidade Johns Hopkins, em Maryland, os grãos de gelo vistos pela Cassini têm maior probabilidade de ter altas concentrações de partículas orgânicas.
Por outro lado, Cassini detectou grãos que não viajam muito longe, enquanto James Webb tem uma perspectiva mais ampla, podendo captar sinais fracos de gás em torno de Encélado.
O telescópio analisou ainda o espectro da luz solar refletida na lua e achou pistas de muitos produtos químicos, incluindo água e possivelmente outros compostos que poderiam sugerir atividade geológica ou biológica no oceano lunar.
Em uma nova lista de observações a serem feitas por Webb, está outro projeto para estudar Encélado. O trabalho examinará a lua seis vezes mais do que o primeiro estudo e irá procurar compostos associados à habitabilidade, como moléculas orgânicas e peróxido de hidrogênio.
“A nova observação nos dará nossa melhor chance de procurar indicadores de habitabilidade na superfície”, diz à Nature o líder do projeto, Christopher Glein, geoquímico do Southwest Research Institute em San Antonio, no estado norte-americano do Texas.