A evidência mais antiga de estruturas fotossintéticas foi identificada em uma coleção de microfósseis de 1,75 bilhões de anos. A descoberta foi publicada na revista Nature na última quarta-feira (3) e pode ajudar a entender a evolução da fotossíntese oxigênica.
As microestruturas encontradas são os tilacoides, estruturas ligadas a membranas que são encontradas dentro dos cloroplastos de plantas (organelas ricas em clorofila) e de algumas cianobactérias modernas. Os microfósseis do estudo pertencem à espécie Navifusa majensis, que se acredita ser uma cianobactéria. A fotossíntese oxigênica, que ocorre quando a luz solar catalisa a conversão de água e dióxido de carbono em glicose e oxigênio, é exclusiva desse tipo de micro-organismo e de organelas relacionadas nos eucariotos.
Esses tilacoides foram descobertos em fósseis de três locais distintos, sendo os mais velhos provenientes da Formação McDermott, na Austrália. A descoberta dessas estruturas em um fóssil tão antigo sugere que a fotossíntese pode ter evoluído antes de 1,75 bilhão de anos atrás, mas não é possível saber se isso ocorreu antes ou depois do "Grande Evento da Oxidação", momento em que houve uma elevação das taxas de oxigênio na atmosfera terrestre há cerca de 2,4 bilhões de anos.
A origem da fotossíntese oxigênica ainda é debatida, mas é certo que o acúmulo de oxigênio modificou a química da Terra e a evolução da biosfera e da vida complexa. Segundo os pesquisadores, análises de microfósseis mais antigos podem ajudar a desvendar esse mistério e a determinar se a evolução dos tilacoides contribuiu para o aumento dos níveis de oxigênio durante o Grande Evento da Oxidação.