A espécie de peixe Coregonus oxyrinchus é considerada "extinta" pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). No entanto, esse status de extinção pode estar incorreto, segundo um novo estudo publicado em 27 de setembro na revista científica BMC Ecology and Evolution.
De acordo com o estudo, o peixe que habitava os estuários do Mar do Norte, na verdade, está vivo e bem. Pesquisadores da Universidade de Amsterdã, na Holanda, e do Museu de História Natural de Londres, na Inglaterra, extraíram DNA de vários exemplares desse animal do museu, alguns com mais de 250 anos.
A equipe comparou o material genético dos peixes de museu com o DNA de várias espécies irmãs que vivas atualmente. Os cientistas obtiveram, inclusive, um pequeno pedaço de material genético de um C.oxyrinchus do Mar do Norte seco, datado de 1754, que foi usado para a descrição oficial da espécie.
![Amostras de peixe que se acreditava estar "extinto" da coleção do Museu de História Natural de Londres — Foto: Ymke Winkel](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/yqB2vScDJxCA9CpI6pATd0XNbUs=/0x0:700x526/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2023/R/2/dycZJiQGaYGfJS3zDZqA/houting-in-the-natural-history-museum-london.webp)
A descoberta surpreendeu: havia pouquíssima diferença genética entre o C.oxyrinchus e o peixe-branco europeu, atual Coregonus lavaretus.
Segundo o primeiro autor do estudo, Rob Kroes, da Universidade de Amsterdã, o peixe-branco é hoje em dia "bastante comum no oeste e no norte da Europa, tanto em rios e lagos de água doce, estuários e mar".
![(a) Coregonus oxyrinchus, neótipo, 306 mm de comprimento padrão; Bélgica: Antuérpia, Rio Schelde. Vista lateral. (b) Coregonus oxyrinchus, 80 mm de comprimento na cabeça; Países Baixos, Rio Reno. Vista lateral da cabeça. — Foto: J. Freyhof et al](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/Xb4HOgOE7frQlFZ6S7Z5Izbz1CQ=/0x0:592x784/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2023/x/q/2wJqMgSAOlVkPVWGQsCQ/nljllsc.jpg)
Como os pesquisadores não encontraram diferenças entre o peixe-branco de hoje e os C.oxyrinchus do passado, eles acreditam que o peixe declarado "extinto" ainda está vivo. Sua denominação como "inexistente na natureza" foi dada em 2008.
Kroes explica que biólogos há muito tempo acreditavam que o C.oxyrinchus era uma espécie diferente do peixe-branco europeu devido ao comprimento do focinho e ao número de brânquias. Mas a pesquisa de DNA revelou que essas características não são adequadas para fazer essa afirmação.
A pergunta que ficou foi: será que o peixe C.oxyrinchus é da mesma espécie do peixe-branco Coregonus lavaretus? Mais estudos serão necessários com o DNA do peixe seco de 1754 para saber se uma mudança de nome será realizada.
"Frequentemente, ocorre confusão sobre se os animais são ou não da mesma espécie", conta Kroes, em comunicado. "Isso acontece especialmente quando se trata de peixes, que frequentemente apresentam muita variação nas características morfológicas dentro de uma espécie."
O especialista destaca que a IUCN ainda considera o C.oxyrinchus "extinto" e que existem várias leis europeias de proteção da natureza que afirmam que tanto ele quanto o peixe-branco europeu devem ser protegidos. "Portanto, estamos na verdade protegendo uma espécie 'extinta' que está nadando por aí atualmente", ele diz.