Biologia

Por Redação Galileu

Assim como em humanos, o estudo da genitália feminina de cobras também é um tabu. Contudo, um novo estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Adelaide, na Austrália, pode mudar esse cenário.

Publicado nesta quarta-feira (14) no periódico Proceedings of the Royal Society B, o trabalho traz a descrição completa da anatomia, em diferentes tamanhos e formatos, de um hemiclitóris em nove espécies desses répteis.

Em geral, estudar as genitálias desses animais é complicado. De acordo com uma das autoras do estudo, Jenna Crowe-Riddell, em um artigo do The Conversation, a dificuldade está atrelada ao fato de que as estruturas sexuais das cobras ficam localizadas na parte interna da cauda, sendo uma das únicas estruturas visíveis a masculina, que incha durante o ato sexual.

A nova descoberta foi feita durante a pesquisa de doutorado da autora principal, Megan Folwell, que consistia em dissecar cobras em um museu. Durante uma de suas análises, ela notou, entre as duas glândulas odoríferas, havia uma estrutura em forma de coração na parte interna da cauda.

Imagem em 3d do clitóris ( parte em vermelho) — Foto: Universidade La Trobe
Imagem em 3d do clitóris ( parte em vermelho) — Foto: Universidade La Trobe

Folwell e Riddell entraram em contato com a especialista em órgãos genitais em vertebrados Patricia Brennan, da Mount Holyoke College, que confirmou que a estrutura era um clitóris. A partir disso, elas se aprofundaram em saber mais sobre o órgão.

Com inspeção mais detalhada, descobriram que ele é repleto de glóbulos vermelhos e tecido nervoso, como seria de se esperar para um tecido erétil. Segundo as cientistas, a estrutura pode inchar durante o acasalamento e ser estimulada.

Além dessas avaliações, a equipe estudou nove espécies diferentes de cobras, cada uma representando os principais ramos da evolução e de diferentes regiões do planeta. Depois, as pesquisadoras a compararam com as estruturas masculinas desses animais.

As espécies estudadas foram Acanthophis antarcticus, Pseudechis colleti , Pseudechis weigeli e Pseudonaja ingrami, Agkistrodon bilineatus , Bitis arietans, Helicops polylepis, Lampropeltis anormal e Morelia spilota. Em todas, foi possível identificar o órgão em diferentes tamanhos.

“Esta descoberta mostra como a ciência precisa de diversos pensadores com diferentes ideias para avançar”, comenta, em nota, a professora associada Kate Sanders, da Universidade de Adelaide. Segundo ela, se Folwell não tivesse insistido em mudar a perspectiva da evolução genital desses animais, a pesquisa não teria saído.

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