Uma paisagem submersa perdida há milhares de anos no Mar Adriático, na costa da Croácia, foi descoberta por pesquisadores do projeto Life on the Edge ("Vida no Limite"), que usaram escaneamentos subaquáticos 3D de última geração.
Os especialistas identificaram uma rede de antigos rios, riachos, colinas e outras características geológicas. "É uma paisagem mais diversa e melhor preservada do que esperávamos”, diz Simon Fitch, pesquisador principal do projeto, em comunicado publicado em 10 de maio. "Existem rios e estuários lindamente preservados enterrados sob o que é agora o leito marinho".
Entre 10 mil e 24 mil anos atrás, o nível do Mar Adriático era cerca de 100 metros mais baixo do que hoje, o que tornava suas vastas áreas habitáveis durante o período Mesolítico. Naquela época, as pessoas habitavam acampamentos temporários ao longo de rios e lagos para obter recursos naturais.
![Paisagem da costa da Croácia, onde os pesquisadores encontraram um local submerso — Foto: Submerged Landscape Research Centre](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/QCwQoWTDs0iw_r_ayZOpDCz3yuM=/0x0:555x328/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2024/a/E/Ay5iMdSAG7SNUly6QVyA/lote-split-555x328.jpg)
Vedran Barbarić, professor associado da Faculdade de Humanidades e Ciências Sociais da Universidade de Split, viajou para a Croácia em março de 2023 para realizar as primeiras varreduras subaquáticas no país usando sensores sísmicos 3D subaquáticos de última geração.
"Estes resultados vão ajudar-nos a compreender o lugar da Croácia no Adriático", afirma Barbarić. "A Croácia é a porta de entrada para a Europa, por isso, se pensarmos no avanço da agricultura na Europa, é e sempre foi um cenário muito importante".
Outro fator relevante, segundo o pesquisador, é a velocidade com que aquela paisagem foi perdida. "Afetou as pessoas e a cultura, por isso, ao compreender a paisagem, podemos começar a compreender todo o quadro arqueológico com muito mais clareza", ele diz.
![A equipe está trabalhando com empresas comerciais que já mapeiam leitos marinhos para instalação de parques eólicos — Foto: University of Bradford](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/hp-q6jkGVIcjC5v4cfXHwAlAqsc=/0x0:555x312/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2024/8/f/2Ste6URreV5FCtUX71Sg/lote-boat-555x312.jpg)
Barbarić está confiante com os resultados do projeto até agora. "Agora temos o potencial para começar a fazer algumas perguntas realmente fascinantes, para entender a arqueologia e a cultura - de uma maneira muito mais holística. Nosso objetivo final é encontrar artefatos humanos", acrescentou.
Para tal, os pesquisadores planejam enviar mergulhadores a fim de investigar possíveis evidências de atividade humana na costa da Croácia. Uma série de expedições ao longo dos próximos cinco anos mapeará partes do Adriático e no Mar do Norte.
Os especialistas estão contando com a ajuda de empresas comerciais que já mapeiam leitos marinhos para instalação de parques eólicos. A pesquisa também conta com supercomputadores da Universidade de Bradford, na Inglaterra, para processar dados e criar mapas das paisagens submersas.