Arqueologia

Por Redação Galileu

Um cemitério medieval contendo esqueletos dispostos em uma variedade de posições inusitadas — alguns de costas e outros de lado ou outros agachados — foi escavado por arqueólogos no País de Gales, em um campo nos terrenos do Castelo de Fonmon.

Segundo a rede britânica BBC divulgou ontem (3), os pesquisadores não têm certeza do que as posições dos mortos significam. O cemitério foi usado durante um longo período à medida que as práticas funerárias mudavam? Ou algumas pessoas estavam sendo marcadas para se diferenciarem?

Acredita-se que haja cerca de 80 sepulturas de 1,5 mil anos nos terrenos do Castelo de Fonmon, conforme o jornal The Guardian. Até agora, 18 esqueletos foram examinados, e desses, quatro restos mortais de mulheres foram achados enterrados em posição agachada.

"Outros locais semelhantes encontraram corpos em posições como esta, mas considerando o número de túmulos que examinamos até agora, parece haver uma proporção alta", observou em comunicado o líder da escavação, Andy Seaman, professor de arqueologia da Idade Média inicial na Universidade de Cardiff. "Isso pode ser evidência de algum tipo de rito funerário que era realizado."

Ainda é um mistério se isso está relacionado com a identidade social de cada morto ou seus papéis na comunidade, segundo o professor contou ao The Guardian. "Todos os esqueletos agachados estão do lado direito e estão virados para o sul, então há uma coerência entre eles", ele destacou.

Summer Courts, osteoarqueóloga da Universidade de Reading, contou à BBC que os esqueletos estão em boas condições. Ela aponta para um crânio contendo pistas sobre como essas pessoas viviam e trabalhavam. “Temos alguns dentes que estão muito desgastados de uma forma engraçada que pode indicar o uso de dentes como ferramentas”, diz ela.

Esqueleto encontrado em túmulo revestido de pedra — Foto: Cardiff University
Esqueleto encontrado em túmulo revestido de pedra — Foto: Cardiff University

Artefatos medievais

O Castelo de Fonmon, que hoje funciona como atração turística e local de eventos, foi construído como uma torre defensiva e centro administrativo por volta de 1180. Inicialmente pertenceu à família St. John, descendente de cavaleiros normandos.

Levantamentos geofísicos realizados na área em 2021 revelaram vários locais de interesse, investigados pela equipe da Escola de História, Arqueologia e Religião da Universidade de Cardiff. Inicialmente, os pesquisadores pensaram ter descoberto uma fazenda antiga, mas escavações mais detalhadas revelaram o cemitério com sepulturas datando dos séculos 6 e 7.

Além dos esqueletos, os arqueólogos encontraram no cemitério fragmentos de recipientes de vidro raros importados que eles acreditam ser da região oeste da França. Outra descoberta fascinante foi um pequeno pino de osso que poderia ter sido usado como marcador em um jogo ou como pino de afinação para um instrumento musical.

Também havia ossos de animais com sinais de abate e cozimento, assim como fragmentos de trabalhos de metal. A evidência do cozimento junto da presença de copos de vidro sugere ainda que havia "algum nível de festividade ritual, talvez para celebrar ou lamentar os mortos", conforme supõe o professor.

Segundo Seman, pode ou não ser significativo que, até agora, todos os enterros agachados do cemitério sejam de mulheres. "Estamos lidando com amostras pequenas até agora. O que faremos nos próximos anos é explorar isso mais a fundo", contou.

O projeto continuará liderado por especialistas com a ajuda de estudantes e voluntários. "Seremos capazes de contar a história desta comunidade em um nível de detalhe e resolução sem precedentes", disse Seaman.

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