Pela primeira vez, pesquisadores contam a história impressionante da descoberta de um grupo de 18 objetos egípcios encontrados por estudantes nos arredores de uma escola em Melville House, em Fife, na Escócia, entre 1952 e 1984.
Um dos itens, datado de 4 mil anos atrás, foi achado por um aluno que desenterrava batatas como punição em torno da escola. Este e outros relatos foram divulgados pelos Museus Nacionais da Escócia em 19 de novembro. Um artigo sobre os achados será publicado no periódico Proceedings of the Society of Antiquaries of Scotland.
Os 18 objetos foram descobertos em três ocasiões separadas, e a maioria está agora na coleção dos Museus Nacionais da Escócia. Eles são os únicos artefatos egípcios antigos formalmente declarados Tesouro no país.
Em 1952, Melville House era ocupada pela escola particular Dalhousie Castle. Naquele ano, um garoto estava cavando batatas como parte de um exercício de punição e descobriu uma fina cabeça de estátua de arenito vermelho da 12ª Dinastia do Egito, que inicialmente confundiu com uma batata. O objeto foi levado para o então Museu Escocês Real (agora o Museu Nacional da Escócia).
Anos depois, em 1966, uma estatueta votiva egípcia de bronze com formato de touro foi achada nos terrenos por outro garoto, durante um exercício de salto em uma aula de Educação Física. O estudante pousou na estatueta, que estava saindo da terra. O professor supervisor — que coincidentemente era o mesmo garoto que havia encontrado a cabeça de estátua em 1952 — levou o objeto ao museu para identificação.
Artefatos egípcios descobertos nos arredores de escola na Escócia entre 1952 e 1984
![Fragmentos de objetos egípcios escavados em Melville House — Foto: National Museums Scotland](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/_twO61ZD9UG8iYfJn9qkCdKvboc=/0x0:1200x899/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2023/I/p/ZhbyNySaAf9vM3LaNoaA/98cb306f757d4c78ab374a43beff400d.jpeg)
![Fragmentos de objetos egípcios escavados em Melville House — Foto: National Museums Scotland](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/TJEhed7qGVkvxzpophdMugZMFns=/1200x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2023/I/p/ZhbyNySaAf9vM3LaNoaA/98cb306f757d4c78ab374a43beff400d.jpeg)
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Fragmentos de objetos egípcios escavados em Melville House — Foto: National Museums Scotland
![Fragmento de um amuleto de faiança de Ísis amamentando Hórus, Período Tardio ou Ptolemaico (aproximadamente 664-30 a.C.) — Foto: National Museums Scotland](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/bgwsurWeqmBAOxxriobgHomLlbk=/0x0:1200x1600/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2023/P/7/FxkDvXTAasVeXuhNPyaA/a6db702214b84b538ee07410b467a84a.jpeg)
![Fragmento de um amuleto de faiança de Ísis amamentando Hórus, Período Tardio ou Ptolemaico (aproximadamente 664-30 a.C.) — Foto: National Museums Scotland](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/OcJ39VY-lunSh1qoAaeLS9Djugk=/1200x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2023/P/7/FxkDvXTAasVeXuhNPyaA/a6db702214b84b538ee07410b467a84a.jpeg)
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Fragmento de um amuleto de faiança de Ísis amamentando Hórus, Período Tardio ou Ptolemaico (aproximadamente 664-30 a.C.) — Foto: National Museums Scotland
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![Fragmento de uma placa de faiança representando o Olho de Hórus, Período Tardio ou Ptolemaico (aproximadamente 664-30 a.C.)](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/Y9G11Ky7Za8WCtGu99nCPsDJk8g=/0x0:1200x1600/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2023/p/Q/YwkgtlQ9GPK48w8yqCpA/fca3c49e056d41cc93b4d961fe975483.jpeg)
![Fragmento de uma placa de faiança representando o Olho de Hórus, Período Tardio ou Ptolemaico (aproximadamente 664-30 a.C.)](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/pJlRdS7jVqnXnbQpaYjkHneYcJ8=/1200x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2023/p/Q/YwkgtlQ9GPK48w8yqCpA/fca3c49e056d41cc93b4d961fe975483.jpeg)
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Fragmento de uma placa de faiança representando o Olho de Hórus, Período Tardio ou Ptolemaico (aproximadamente 664-30 a.C.)
![Estátua de bronze chumbado de um sacerdote, Terceiro Período Intermediário (aproximadamente 1069-656 a.C.)](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/DGvctdw3OmRK9HMbE_0Fn2E1vaY=/1200x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2023/7/4/IF1wMcQUuDsmVbbsdxxw/c967aa41ed274e8c956316ba849127a7.jpeg)
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Estátua de bronze chumbado de um sacerdote, Terceiro Período Intermediário (aproximadamente 1069-656 a.C.)
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![Metade superior de cerâmica inscrita para um homem chamado Hor-sa-Iset, Período Tardio (aproximadamente 664-332 a.C.)](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/1lRLv9Hd3fvFMh2hqFwMw-N95-U=/1200x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2023/a/g/qpBEvnRtWKWEuWZgNnuw/18e437ad035d49148483b2163ba14988.jpeg)
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Metade superior de cerâmica inscrita para um homem chamado Hor-sa-Iset, Período Tardio (aproximadamente 664-332 a.C.)
![Voluntários de Balfarg trabalhando nos terrenos de Melville House, 1984](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/50D3ts_JF8Zlx2RkVgP1G4wiwec=/1200x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2023/S/8/lbKNgER7Cdd6i56WoXiQ/fb2fa623bce04f43ab6c9b987d9ee27a.jpeg)
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Voluntários de Balfarg trabalhando nos terrenos de Melville House, 1984
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![Voluntários do National Museums Scotland e de Balfarg trabalhando nos terrenos de Melville House, 1984](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/UHgNF-hlJETBoZGsPdJAnXx4wEo=/1200x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2023/O/a/Km6ypgQDSclXAyGyo8yQ/c75e7d4333754d1dbb61c04f63aa3c40.jpeg)
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Voluntários do National Museums Scotland e de Balfarg trabalhando nos terrenos de Melville House, 1984
Em 1984, um grupo de adolescentes de uma escola residencial administrada pelo então Conselho Regional de Fife trouxe um outro objeto para ser identificado no museu. Tratava-se de uma estatueta egípcia de bronze de um homem, achada no terreno da instituição escolar por um garoto usando um detector de metal.
Na ocasião, Elizabeth Goring era uma nova curadora do então Museu Escocês Real. Após consultar colegas, ela descobriu que objetos egípcios haviam sido encontrados nas duas ocasiões anteriores nos arredores da escola, perto de Monimail, uma bela casa senhorial encomendada pelo primeiro Conde de Melville em 1697.
Certa de que os três objetos estavam conectados, Goring organizou uma investigação no local. Posteriormente descobriu vários outros artefatos, incluindo uma estatueta da deusa Ísis amamentando seu filho Hórus e a parte de uma placa de faiança com o Olho de Hórus.
"Descobrir objetos do antigo Egito em Fife é claramente inesperado, e a pesquisa subsequente para estabelecer as origens da coleção proporcionou uma narrativa fascinante, embora cheia de mistérios que podem nunca ser resolvidos", conta Goring, em comunicado.
O estudo revelou que os objetos acabaram enterrados na Escócia pois possivelmente foram adquiridos por Alexander, Lorde Balgonie (1831-1857), herdeiro da propriedade em Melville House. Ele visitou o Egito em 1856 com suas duas irmãs para tentar melhorar sua saúde, após adoecer durante o serviço na Guerra da Crimeia.
Nessa época no Egito, cônsules e comerciantes visitavam hotéis ou barcos em passagem para vender antiguidades. Logo, é possível que os artefatos tenham sido trazidos para Balgonie acamado ou que suas irmãs tenham montado a coleção.
Após o retorno do lorde ao Reino Unido, os itens podem ter sido mantidos por um tempo em Melville House antes de serem colocados em um anexo. É possível que tenham sido esquecidos imediatamente após a morte prematura de Balgonie ou abandonados por serem uma lembrança dolorosa da viagem.
Eventualmente, o anexo onde foram depositados os itens do Egito foi demolido, e esses objetos passaram despercebidos nos destroços do edifício. Até que, finalmente, foram sendo descobertos pelos estudantes da escola que surgiu perto do local.
Para a curadora dos Museus Nacionais da Escócia, Margaret Maitland, que conduziu o estudo com Goring, esta coleção é fascinante, "tornada ainda mais interessante pelo mistério que a cerca em seu país de origem".
"A descoberta de artefatos egípcios enterrados na Escócia por mais de cem anos é evidência da escala da coleta de antiguidades no século 19 e de sua história complexa", ela declara.