Arqueologia

Por Redação Galileu

Uma investigação policial revelou uma descoberta arqueológica que pode mudar o rumo da história britânica. Diferentemente de outros achados, normalmente encontrados por cientistas, esse em especial foi localizado pela Polícia de Durham, no Reino Unido. O tesouro em questão é composto por 44 moedas de prata do século 9, avaliadas em £ 766.000 (aproximadamente R$ 4,8 milhões).

Acredita-se que as moedas tenham um grande significado histórico em torno da relação entre Alfredo, o Grande, rei de Wessex, e Ceolwulf II, rei da Mércia. Por seus anos como governante, Alfredo ficou conhecido como um líder heroico que lutou com sucesso contra as invasões vikings. Em contrapartida, Ceolwulf entrou para a história como um rei sem muita relevância, e um “fantoche” dos vikings.

No entanto, a coleção incluía dois exemplos extremamente raros de moedas de duas cabeças com imagens de Alfredo de Wessex e Ceolwulf, mostrando uma história muito diferente que coloca os dois imperadores lado a lado, como aliados.

Gareth Williams, curador de Moedas Medievais e Coleções Viking no Museu Britânico conta, em comunicado divulgado pelos oficiais, que o tesouro revela que havia uma aliança política e econômica entre Alfredo e Ceolwulf II. “Juntos, os dois reis realizaram uma grande reforma da cunhagem, introduzindo moedas de prata de alta qualidade, com o desenho dos dois Imperadores simbolizando essa aliança, seguida de uma segunda cunhagem conjunta”, relata.

Segundo a avaliação do museu, as moedas fazem parte de um tesouro maior descoberto em Leominster, Herefordshire deixado no local por volta de 878 d.C., ano em que o rei Alfred determinou uma grande derrota aos vikings.

“À medida que mais moedas surgem, fica claro que essa aliança monetária durou alguns anos, enquanto uma moeda individual do tesouro de Durham prova que o tipo mais simbólico dos dois Imperadores foi o mais antigo", disse o curador.

Esta moeda representando Alfredo, o Grande, foi encontrada no endereço residencial de Roger Pilling — Foto: Reprodução/Polícia de Durham
Esta moeda representando Alfredo, o Grande, foi encontrada no endereço residencial de Roger Pilling — Foto: Reprodução/Polícia de Durham

Roubo arqueológico

Para além da importância histórica desse tesoura, a forma como ele foi descoberto também chama a atenção. Segundo relatório policial, as moedas foram encontradas em 2015 por dois homens que, ao invés de declararem a descoberta como "tesouro" e encaminharem para autoridades, a venderam a colecionadores.

Conforme apurado pela revista Smithsonian, as autoridades acreditam que o inglês Roger Pilling, de 75 anos, comprou algumas dessas moedas no mercado negro em 2016 e recorreu ao colega Craig Best, 46 anos, para ajudá-lo a vendê-las a compradores de todo o mundo.

Em 2018, Best contatou Ronald Bude, um colecionador de moedas e radiologista da Universidade de Michigan, e tentou convencê-lo em comprar parte do tesouro. Sem saber se eram reais, o acadêmico contatou um especialista do Reino Unido, e foi aí que as suspeitas começaram a surgir. A discussão chegou até o Museu Britânico, onde os especialistas debateram sobre o potencial valor histórico das moedas antes que a polícia de Durham fosse informada e a investigação começasse.

A descoberta, de fato, foi qualificada como tesouro pela Lei do Tesouro de 1996, que estabelece protocolos a serem seguidos por caçadores de tesouros quando encontram algo de relevância história e monetária. É necessário relatar suas descobertas às autoridades. No entanto, por não seguirem com esse procedimento, a prática foi considerada crime.

Em 2019, os dois foram condenados a um total de mais de 18 anos, após uma investigação levada a cabo pela Polícia da Mércia Ocidental, que os considerou culpados de conspiração pela posse e conversão de lucros em cima desse achado. A dupla ficou sob custódia desde então e foi sentenciada na última quinta-feira (4).

Oficiais da Polícia de Durham e Lancashire, com o apoio da Unidade Regional de Crime Organizado do Nordeste, recuperaram as moedas e agora elas estão seguras no Museu Britânico, onde seu significado pode ser estudado mais a fundo pelos historiadores. “As moedas, neste caso, já começaram a transformar nosso conhecimento e compreensão da situação política do final do século 9”, comemora Williams.

O detetive superintendente Lee Gosling, oficial sênior de investigação da Operação Fantail, destaca que este é um caso extremamente incomum, pois não é muito frequente encontrar artefatos que deem a chance de moldar a história britânica. “É surpreendente que os livros de história precisem ser reescritos por causa dessa descoberta”.

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