Arqueologia

Por Redação Galileu

No sítio arqueológico de Pañamarca, na costa do Peru, arqueólogos descobriram dois murais de 1,4 mil anos aludindo as ideias de sacrifício e “reinos cósmicos”. Os achados foram divulgados em 7 de março pelo Museu de Ciência e Natureza de Denver, no estado norte-americano do Colorado.

As descobertas fazem parte de uma escavação de vários anos que continua em Pañamarca, liderada por uma equipe de mulheres arqueólogas e conservadoras.

Em comunicado, o Museu de Ciência e Natureza de Denver disse que os murais “têm o potencial de revelar muito mais sobre a identidade coletiva e as aspirações do povo Moche, que viveu muito antes da formação do Império Inca”.

Segundo os pesquisadores, as pinturas sugerem relações multiculturais e economias de longa distância, juntamente com a evidência de tecidos de estilo montanhoso e penas tropicais encontradas ao lado de cerâmicas.

Nos dois murais descobertos em agosto de 2022 estão retratados homens de duas faces segurando tesouros incomuns, sendo um deles com uma taça da qual beija-flores estão bebendo. O outro homem, pintado na parte inferior do mesmo pilar, tem um leque de penas em movimento em uma das mãos e, na outra, um objeto semelhante a um bastão que está apenas parcialmente preservado.

Lisa Trever, professora associada de história da arte pré-colombiana e arqueologia na Universidade de Colúmbia (EUA), que é uma das líderes da equipe, disse ao Live Science por e-mail que os artistas da obra podem ter experimentado como retratar “movimento e dois momentos narrativos ao mesmo tempo”.

Os dois homens podem ser divindades, mas isso é incerto. "Normalmente, as imagens de divindades na arte Moche têm aspectos não humanos, como presas, rostos, caudas ou asas de várias criaturas. Esta, com exceção dos dois rostos, parece inteiramente humana", observou Trever.

O salão com os homens de duas caras contém vários outros murais, incluindo exemplos representando uma sacerdotisa, uma serpente e um morcego. Os arqueólogos estudam o local há mais de 60 anos, após descobrir o primeiro mural em 1958.

Ainda não se sabe como o povo Moche usou este salão, mas é improvável que muitas pessoas tivessem acesso ao lugar. "Certamente este era um espaço que não era de acesso público, dado o quão estreitas são as passagens e o espaço interno", explica Trever. "Deve ter sido um lugar muito especial para entrar, talvez aberto apenas aos líderes ou anciãos da comunidade de Pañamarca.”

Uma explicação possível para o fato de os homens retratados terem duas faces, segundo Edward Swenson, diretor do Centro de Arqueologia da Universidade de Toronto, que não está envolvido no projeto de pesquisa, é que isso pode "significar um mortal usando uma máscara e, assim, personificando ou se tornando um só com o sobrenatural".

O detalhe dos beija-flores bebendo da taça também é importante, de acordo com o especialista, pois pode simbolizar uma ligação entre mortais e deuses.

"Eu interpreto os beija-flores bebendo do copo como uma poderosa invocação da centralidade do sacrifício na visão de mundo Moche", disse Swenson. "O sacrifício serviu como um mecanismo crítico para garantir a circulação de fluidos vivificantes entre os seres e os reinos cósmicos”.

Até agora, as equipes descobriram o que estimam ser menos de 10% das extensas pinturas criadas nas paredes do complexo de Pañamarca. Os pesquisadores planejam retornar ao local em 2023.

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