• Redação Galileu
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Foz do rio Doce no Oceano Atlântico poluída pelos rejeitos do rompimento da barragem  (Foto: Wikimedia Commons )

Foz do rio Doce no Oceano Atlântico poluída pelos rejeitos do rompimento da barragem (Foto: Wikimedia Commons )

O mar de lama que devastou o Rio Doce, durante o rompimento da Barragem do Fundão, em novembro de 2015, na cidade de Mariana (MG), gerou enorme impacto ambiental e humano. Cinco anos depois do desastre que comoveu o país, uma pesquisa evidencia que  as porções do curso d’água estão se recuperando.

O estudo, conduzido por Carlos Tucci, professor colaborador do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH-UFRGS), foi divulgado pela Fundação Renova, que executa programas e ações de compensação aos danos causados pelo vazamento da barragem de Fundão.






A conclusão da pesquisa traz evidências de que o rio tem se recuperado, sobretudo na área da jusante da Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, que reteve 10,5 milhões de metros cúbicos de rejeitos no rompimento em Mariana.

Para constatar se houve melhora, foi realizada uma simulação via software de quanto o rio foi se recuperando ao longo dos anos, considerando que ele reteu 23,4 hm³ (hectômetros cúbicos) de rejeitos no rompimento de 2015. Considere que 1 hm³ equivale a 1 milhão de metros cúbicos.

Rompimento da barragem em Mariana ocorreu na tarde de 5 de novembro de 2015 no subdistrito de Bento Rodrigues (Foto: Wikimedia Commons )

Rompimento da barragem em Mariana ocorreu na tarde de 5 de novembro de 2015 no subdistrito de Bento Rodrigues (Foto: Wikimedia Commons )

O modelo proposto na pesquisa apontou que houve uma redução de 34,6% no volume de resíduos do leito do Rio Doce até 2019, ano no qual esses despejos ocupavam volume de 15,3 hm³.

A estimativa é que essa redução melhore ainda mais e chegue a 61,1% até 2030. A Fundação Renova conta em comunicado que mesmo até lá ainda poderá haver depósitos de rejeito, mas grande parte desse material será retido por ações de reparação, crescimento da vegetação local, além da estabilização do fundo de todos os rios afetados.

A pesquisa também ressalta a boa notícia de que próximo a jusante da Usina Hidrelétrica Risoleta Neves os valores de descarga de sedimentos já tendem aos valores históricos medidos antes do rompimento da barragem.







Por outro lado, o rio Gualaxo do Norte, que também foi contaminado no incidente, não apresentou essa mesma melhora em relação à quantidade histórica de sedimentos que eram depositados em seu leito antes do acontecimento destrutivo.

Sem considerar ações e alternativas de manejo, a recuperação total do Gualaxo do Norte ocorrerá totalmente até 2032, estima a pesquisa. Porém, em um cenário mais otimista, isso deve acontecer já em 2024, quando haver apenas 10% de rejeito na calha.

Esta matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Saiba mais em umsoplaneta.globo.com