• Redação Galileu
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Igualdade de gênero só será atingida em 135 anos, de acordo com estudo (Foto: Engin akyurt/Unsplash)

Igualdade de gênero só será atingida em 135 anos, de acordo com estudo (Foto: Engin akyurt/Unsplash)

Com a pandemia de Covid-19, a igualdade de gênero só será atingida daqui 135,6 anos, segundo estudo anual do Fórum Econômico Mundial (FEM), publicado nesta terça-feira (30). O documento aponta que a crise sanitária atrasou em mais de uma geração o tempo necessário para alcançar a paridade entre mulheres e homens. 

O relatório, intitulado Global Gender Gap Report 2021, cita que, antes da pandemia, o período esperado para que o planeta alcançasse a equidade de gênero seria de aproximadamente 99,5 anos. Portanto, haverá um aumento de 36 anos nesse atraso devido às mudanças provocadas pela Covid-19. 






O estudo levou em conta as lacunas de gênero em quatro áreas: participação econômica e oportunidade; realização educacional; saúde e sobrevivência; e empoderamento político. Além disso, descreveu políticas e intervenções necessárias para atenuar a desigualdade entre mulheres e homens.

A pesquisa usa dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que mostram que a pandemia teve maior impacto negativo nas mulheres. As perdas de empregos entre elas chegaram a 5% em 2020, contra 3,9% entre os homens.

Isso se dá em parte porque as trabalhadoras estão empregadas principalmente em setores afetados pelos bloqueios e fechamentos de operações. Segundo aponta a pesquisa, a produtividade delas é menor pois elas sofrem maior pressão para realizarem tarefas domésticas e cuidarem de crianças e idosos durante a crise sanitária.

A taxa de contratação de mulheres também é mais lenta, conforme o mercado de trabalho se recupera. Para elas, há menos chances de serem contratadas para cargos de chefia, de acordo com dados do LinkedIn considerados no estudo, que revelam também que haverá um retrocesso de dois anos em relação à empregabilidade feminina atual.

Um estudo feito por pesquisadores dinamarqueses contesta a eficácia das máscaras (Foto: Unsplash)

Mulheres estão menos empregadas em profissões emergentes, em áreas como computação e engenharia (Foto: Unsplash)

Quando se trata de cargos em setores emergentes, as mulheres também estão pouco representadas. Na computação em nuvem, por exemplo, elas representam em 2021 apenas 14% da força de trabalho; na engenharia, ocupam somente 20% dos cargos e, em dados e inteligência artificial, só 32%.

Outro problema é a disparidade política de gênero, com pouca participação política feminina. Embora tenha ocorrido uma melhoria em mais de 50% dos 156 países analisados, as mulheres ocupam somente 26,1% dos assentos parlamentares e 22,6% dos cargos ministeriais em todo o mundo.

Nesse ritmo, essa desigualdade política deve levar cerca de 145 anos para ser eliminada, em comparação aos 95 anos calculados na edição anterior do relatório, publicada no final de 2019.






“A pandemia impactou fundamentalmente a igualdade de gênero no local de trabalho e em casa, retrocedendo anos de progresso. Se queremos uma economia futura dinâmica, é vital que as mulheres estejam representadas nos empregos de amanhã”, comenta em comunicado Saadia Zahidi, Diretora Administrativa do Fórum Econômico Mundial.

O relatório do FEM também aponta que, pelo 12º ano consecutivo, a Islândia foi considerada o país mais igualitário do mundo. Atrás da nação europeia, está a Finlândia, Noruega, Nova Zelândia e Suécia.

Já o Brasil caiu uma posição em 2021 e agora ocupa o 93º lugar entre os 156 países do ranking. Isso coloca o país como tendo a segunda pior desigualdade de gênero na América Latina. No ritmo atual, serão necessários 68,9 anos até a nação alcançar a igualdade entre mulheres e homens.