• Redação Galileu
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Oficial nazista em campo de concentração (Foto: Wikimedia Commons)

Oficial nazista em campo de concentração (Foto: Wikimedia Commons)

Considerada um dos espectros do autismo em que há dificuldades para o indivíduo manter interações sociais, a Síndrome de Asperger ganhou esse nome em homenagem ao pediatra austríaco Hans Asperger, considerado um especialista no estudo de crianças autistas durante a primeira metade do século 20. Uma recente pesquisa publicada no periódico Molecular Autism revela, entretanto, uma terrível face do médico: ele teria estreita relação com o Partido Nazista alemão, contribuindo com o programa de assassinato de crianças que apresentavam diferentes tipos de distúrbios neurológicos. 

A história de Asperger era nebulosa. Morto em 1980, aos 74 anos, o austríaco iniciou seu trabalho durante a década de 1930 — justamente quanto o Partido Nazista chegou ao poder na Alemanha. Com interesse no estudo de crianças que apresentavam comportamentos considerados 'anormais,' o médico publicou uma série de pesquisas durante os anos da 2ª Guerra Mundial. 

De acordo com a pesquisa, Asperger não se limitou a estudar as crianças que apresentavam os distúrbios que caracterizam o autismo. Documentos da época afirmam que o médico austríaco era defensor das ideias de supremacia racial do Partido Nazista e apoiava esterilizações forçadas de membros da sociedade considerados "inferiores", como judeus, ciganos e eslavos. 

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Apesar de não ser oficialmente filiado ao movimento nazista de Adolf Hitler, Asperger trabalhava de modo estreito com os médicos que defendiam procedimentos de eutanásia a pessoas que sofriam de deficiências físicas e mentais. O artigo publicado no Molecular Autism afirma que centenas de crianças com distúrbios neurológicos passaram por experimentos forçados e foram assassinados na clínica de Am Spiegelgrund, em que Asperger trabalhava. 

Asperger também assinou relatórios afirmando que algumas centenas de crianças que viviam em hospitais psiquiátricos eram incapazes de conviver em sociedade. De acordo com a lógica nazista, isso era equivalente a uma sentença de morte para essas pessoas. 

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