• Redação Galileu
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Videoconferência pode ser mais exaustiva para quem se sente excluído (Foto: Gabriel Benois/Unsplash)

Videoconferência pode ser mais exaustiva para quem se sente excluído (Foto: Gabriel Benois/Unsplash)

Com a pandemia de Covid-19, as telas, que antes já eram bastante usadas no dia a dia, ganharam uma participação ainda maior na nossa vida. As reuniões de trabalho, as aulas da escola e até os encontros entre amigos e familiares transformaram-se em videoconferências. E tudo isso veio acompanhado da “fadiga do Zoom”. O termo, que se refere ao cansaço causado por reuniões virtuais, começou a ser utilizado pela mídia, discutido por trabalhadores e logo virou objeto de estudo.

Agora, pesquisadores da Universidade Old Dominion e da Universidade Estadual de Ohio, ambas nos Estados Unidos, decidiram investigar os elementos associados à “fadiga do Zoom” e em quais circunstâncias esse fenômeno acontece. Surpreendentemente, o sentimento de exaustão não se deu tanto por questões ligadas ao vídeo em si, como os responsáveis pelo estudo esperavam.

Enxergar os colegas — ou mesmo a sua própria imagem — de perto, com a mediação de uma tela e por longos períodos de tempo não foi um problema que apareceu de forma expressiva na pesquisa. “Por outro lado, o sentimento de pertencimento ou conexão com o grupo realmente minimizou a fadiga pós-conferência”, afirma, em nota, Andrew Bennet, autor principal do artigo.

Publicado no periódico Journal of Applied Psychology, da Associação Americana de Psicologia, o estudo contou com dados qualitativos e quantitativos de 55 trabalhadores de diferentes áreas de atuação dos Estados Unidos. Os participantes, majoritariamente homens (58%) e brancos (73%) de 33 anos, tiveram uma média de cinco a seis videoconferências na semana.

Enquanto 93% dos respondentes tiveram a experiência da “fadiga do Zoom”, apenas 7% não relataram sinais desse cansaço após reuniões virtuais. Alguns afirmaram que, sem webcams, o encontro fica muito impessoal. Outros disseram que é cansativo olhar para a tela e ver várias câmeras ligadas ao mesmo tempo.

“Não há tanta conversa antes e depois da reunião como teríamos na vida real”, observou um dos participantes. Ao fazer uma análise dos dados coletados, os pesquisadores concluíram que esse momento de diálogo pode ajudar a construir um sentimento de pertencimento, sendo esse um fator importante para a diminuição da fadiga.

Os resultados do estudo indicam também que videoconferências feitas no início da tarde causaram menos exaustão do que aquelas realizadas em outros horários. Por isso, os pesquisadores sugerem que as reuniões virtuais ocorram nesse momento do dia.

A equipe recomenda ainda que, para evitar sintomas da “fadiga do Zoom”, os participantes tenham pausas para se levantar, que sejam estabelecidas regras como manter a webcam aberta e que haja um tempo reservado para conversas antes ou depois dos encontros. Outra opção é criar salas específicas para a discussão de interesses em comum, como filmes e esportes

Além disso, os pesquisadores ressaltam que nem sempre as reuniões online são necessárias. “Sabemos que videoconferências são úteis, porque obtemos mais informações emocionais e não verbais”, afirma Bennet. “Mas isso não significa que tudo precisa ser feito em reuniões virtuais. Uma ligação telefônica ou um e-mail pode ser mais efetivo e eficiente”, conclui.