• Beatriz Lourenço*
Atualizado em
Pesquisa mostra que jovens do Rio Grande do Sul estão pessimistas sobre o futuro pós-pandemia (Foto: Unsplash)

Pesquisa mostra que jovens do Rio Grande do Sul estão pessimistas sobre o futuro pós-pandemia (Foto: Unsplash)

Como será o tão aguardado "pós-pandemia"? Um grupo de estudantes da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) realizou uma pesquisa para entender o que os jovens pensam sobre isso.  

Realizado em junho, o estudo envolveu 250 participantes, residentes em Porto Alegre e região metropolitana. Os voluntários têm entre 18 e 24 anos, faixa etária que contempla a chamada Geração Z —  aqueles nascidos entre a segunda metade dos anos 1990 até o início do ano 2010. Eles responderam a um questionário online sobre diversos aspectos do convívio em quarentena: rotina pessoal, trabalho e estudos, familiares e amigos e percepção de futuro.

“Esperamos que essa pesquisa possa servir como base para que o mercado de trabalho compreenda e esteja a par da grande capacidade que o jovem tem de se adaptar”, destaca, em comunicado, Vinicius Silveira, um dos alunos envolvidos no levantamento. Também ajudaram a realizar o estudo os alunos Artur Neves, Bruna Ribeiro, Gabrhyel Torma, João Pedro Moritz, Pietro Demichei e Thiarles Muniz.

Pessimismo sobre o futuro

Como resultado, o grupo concluiu que o jovem está pessimista em relação ao pós-pandemia: 61% dos respondentes discordam que a sociedade estará preparada para uma situação futura semelhante. Quando questionados se concordam que o mundo será melhor para viver após essa fase, 49% discordaram. Já 40% acreditam que não haverá alterações e 11% indicam que haverá uma mudança positiva.

"Esse é o resultado mais triste dessa pesquisa, pois mostra que o jovem está descrente de uma perspectiva positiva" explica o orientador do estudo, o professor Ilton Teitelbaum, a GALILEU. "O modo como o país lidou com a situação e a crise política influenciaram essa visão negativa. As pessoas estavam mais preocupadas em brigar entre si do que cuidar um do outro".

Sobre a economia brasileira, 80% dos entrevistados acreditam que ela será recuperada entre cinco a 10 anos, 12% creem que a recuperação irá ultrapassar 10 anos e 7% pensam que não haverá recuperação econômica.  "Essa geração foi tomada pela sensação de ansiedade. Aqueles que estavam no início de suas trajetórias e caminhando para a independência financeira e da família tiveram dúvidas em relação ao futuro", completa o professor. 

Convívio social

Apesar dessa descrença, 83% dos jovens entrevistados acreditam que o convívio social será valorizado, e 46% concordam que as relações serão melhores. Segundo a pesquisa, essa análise significa que as redes sociais podem ter funcionado como uma forma de manutenção das relações, aproximando as pessoas independentemente do distanciamento

O que pode comprovar isso é que 97% revelaram utilizar as redes sociais para manter contato com seus amigos, e 63% afirmaram que a falta de contato físico não afetou as amizades. "Esses jovens são totalmente digitais e, durante a pandemia, o contato pela internet se intensificou. A percepção deles é de que o online faz parte da vida real e eles usaram isso para se aproximar", afirma Teitelbaum.

*Com supervisão Luiza Monteiro