• Redação Galileu
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Anticorpos encontrados em galinhas imunizadas podem ser usados contra a COVID-19 (Foto: Reprodução/Daniel Tuttle no Unsplash)

Anticorpos encontrados em galinhas imunizadas podem ser usados contra a COVID-19 (Foto: Reprodução/Daniel Tuttle no Unsplash)

Apesar da eficácia da vacina e a diminuição de casos e mortes, o coronavírus, síndrome respiratória aguda grave causada pelo Sars-CoV-2 ainda ameaça a população global. Por esse motivo, cientistas de todo o mundo seguem buscando intervenções eficazes para mitigar os efeitos da Covid-19.

Um novo estudo realizado por cientistas da Universidade da Califórnia em Davis, nos Estados Unidos, mostrou que é possível produzir anticorpos para a proteína spike Sars-CoV-2 em ovos de galinha.

A descoberta publicada no início de julho na revista científica Viruses revela que anticorpos colhidos de ovos podem ser usados para tratar pessoas contaminadas pela Covid-19 ou como medida preventiva para àquelas que foram expostas à doença.

Rodrigo Gallardo, professor de medicina avícola do Departamento de Saúde e Reprodução da População da Escola de Medicina Veterinária da universidade, explica que essa descoberta é acessível financeiramente. Além disso, os anticorpos produzidos podem ser atualizados rapidamente usando antígenos atualizados para hiperimunizar galinhas, permitindo proteção contra cepas variantes atuais.

“A beleza do sistema é que além do baixo custo de produção, é possível produzir muitos anticorpos em aves, pois apenas uma galinha põe cerca de 300 ovos por ano”, disse Gallardo, em comunicado.

Anticorpos de galinhas

As aves produzem um tipo de anticorpo chamado IgY, que se assemelha ao IgG encontrado em humanos e outros mamíferos. O IgY aparece tanto no soro das aves quanto em seus ovos e não causa alergia ou desencadeia reações imunes quando injetado em humanos. Devido à grande produção de ovos, é possível obter o composto em alta quantidade.

Para o experimento, Gallardo e sua equipe imunizaram galinhas com duas doses de três vacinas diferentes com base na proteína spike Sars-CoV-2 ou no domínio de ligação ao receptor. Em seguida, mediram os anticorpos IgY em amostras de sangue das galinhas e em gemas de ovos três e seis semanas após a última imunização.

No Centro Nacional de Biodefesa e Doenças Infecciosas da Universidade George Mason, também nos Estados Unidos, os cientistas testaram esses anticorpos em células humanas para descobrir se eram capazes de impedir a infecção por coronavírus. Os achados mostraram que tanto os ovos quanto os soros de galinhas imunizadas continham anticorpos que reconheciam o Sars-CoV-2.

De acordo com Gallardo, os anticorpos do soro foram mais eficazes na neutralização do vírus, provavelmente porque há uma maior concentração de concentração de IgY no sangue.

Atualmente o professor trabalha com Daria Mochly-Rosen, da Universidade de Stanford, nos EUA, e Michael Wallach, da Universidade de Tecnologia de Sydney, na Austrália, para desenvolver essa tecnologia. O trio espera implantar esses anticorpos em um tratamento preventivo, como um spray que pode ser usado por pessoas com alto risco de exposição ao coronavírus.