• Redação Galileu
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Para os pesquisadores, o dinossauro

Para os pesquisadores, o dinossauro "bico-de-pato" chegou à África por meio das águas (Foto: Raul Martin)

Cientistas descobriram os primeiros fósseis do dinossauro bico-de-pato na África, sugerindo que eles tenham cruzado águas profundas para chegar até o local. Segundo o estudo, publicado na última segunda-feira (2) no jornal Cretaceous Research, a espécie Ajnabia odysseus foi encontrada em rochas no Marrocos que datam do final do Cretáceo, 66 milhões de anos atrás.

Os Ajnabia faziam parte dos lambeossauros, porém, ao contrário de seus parentes, que mediam cerca de 15 metros de comprimento, eles alcançavam, no máximo, 3 metros. A espécie evoluiu na América do Norte e eventualmente se espalhou para América do Sul, Ásia e Europa. Como a África era um continente insular no final do Cretáceo, isolada por águas profundas, parecia impossível que os bico-de-pato chegassem lá. 

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Os "bico-de-pato" eram considerados pequenos perto de seus "parentes" (Foto: Nick Longrich)

A descoberta do novo fóssil foi "quase a última coisa no mundo que você esperaria", diz Nicholas Longrich, da Universidade de Bath, no Reino Unido, e líder estudo. "Estava completamente fora do lugar, foi como encontrar um canguru na Escócia. A África estava completamente isolada pela água — então, como eles chegaram lá?"

Reconstruindo a evolução desses dinossauros, foi descoberto que eles evoluíram na América do Norte e se espalharam por uma "ponte de terra" para a Ásia. A partir daí, colonizaram a Europa e, finalmente, a África, onde só podem ter chegado cruzando centenas de quilômetros de águas abertas, nadando ou flutuando.

Para o cientistas, esses lambeossauros provavelmente eram ótimos nadadores, pois tinham caudas grandes e pernas robustas. Tanto é que seu nome, Ajnabia odysseus, significa algo como "marinheiro estrangeiro". 

Esses dinossauros teriam chegado à África por meio de águas profundas (Foto: Nick Longrich)

Esses dinossauros teriam chegado à África por meio de águas profundas (Foto: Nick Longrich)

Travessias oceânicas são eventos raros e improváveis, mas aconteceram algumas vezes na história. Em um dos casos, iguanas verdes viajaram entre as ilhas do Caribe durante um furacão que atingiu o local. Em outro, uma tartaruga das Seychelles flutuou centenas de quilômetros no Oceano Índico até o continente africano

"Ao longo de milhões de anos, eventos que acontecem uma vez no século podem ocorrer muitas vezes. Travessias oceânicas são necessárias para explicar como lêmures e hipopótamos chegaram a Madagascar, ou como macacos e roedores cruzaram da África para o sul da América."

Mas o fato de que os bico-de-pato e outros grupos de dinossauros se espalharam entre os continentes, mesmo com o nível do mar alto, sugere que esses animais também cruzaram águas profundas. "Pelo que eu sei, somos os primeiros a sugerir travessias do oceano desses animais", finalizou Longrich.