• Redação Galileu
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Problema é a melanoníquia, que escurece a pigmentação das unhas (Foto: Musa Alzahrani/Mohammed AlJasser/NJEM/2018)

Problema é chamado de melanoníquia, que escurece a pigmentação das unhas (Foto: Musa Alzahrani/Mohammed AlJasser/NJEM/2018)

Como os remédios quimioterápicas se difundem pelo corpo, destruindo as células cancerígenas, eles podem induzir alguns efeitos colaterais inusitados. Na Arábia Saudita, a resposta corporal de um homem apareceu nas mãos: suas unhas ficaram marrons, com algumas linhas brancas no meio. O caso foi classificado como incomum e os médicos da clínica de oncologia da King Saud University  publicaram um relatório sobre o caso.

Conforme o registro, o paciente tinha 42 anos e fazia tratamento para linfoma não Hodgkin de células B de alto grau. Segundo o artigo, publicado no periódico científico New England Journal of Medicine, o homem teve melanoníquia – pigmentação escura das unhas –, comum em pessoas que tomam ciclofosfamida (medicamento contra o câncer). 

"O exame físico mostrou descoloração marrom escura difusa das unhas, a melanoníquia, e dois tipos de linhas brancas transversais que não eram palpáveis", observaram os médicos Musa Alzahrani e Mohammed AlJasser. “As linhas transversais de aparência opaca  [seta longa na foto acima] nas unhas são chamadas linhas de Mees, e as linhas de aparência mais translúcida [seta curta] são chamadas de linhas de Muehrcke. As de Mees se desenvolvem como resultado de lesões na matriz da unha, enquanto as linhas de Muehrcke estão relacionadas à vascularização anormal do leito ungueal.”

A matriz da unha é uma camada de células produtoras de queratina na base de cada dedo (da mão e do pé). À medida que novas células surgem, as cascas duras das células mais velhas são empurradas para frente, criando a placa ungueal (parte abaixo das unhas). 

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Assim como as células cancerígenas, as células da matriz ungueal se dividem rapidamente, sendo que tratamentos quimioterápicos podem prejudicar seu funcionamento. A matriz ungueal e o leito ungueal também contêm muitos vasos sanguíneos. Os remédios quimioterápicos podem danificar os vasos sanguíneos, e o mecanismo mais comum é o aumento do risco de desenvolvimento de coágulos sanguíneos.

De acordo com Alzahrani e AlJasser, muitos agentes quimioterápicos estão associados à melanoníquia, às linhas de Meuhrcke e às linhas de Mees, e “não é incomum ter algum tipo de mudança nas unhas". 

Após fazer um tratamento misto de quimioterapia, o homem conseguiu eliminar o linfoma não Hodgkin. Cerca de seis meses após o último tratamento, as unhas dele haviam voltado ao normal.

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