• Redação Galileu
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A pesquisa entende que as proteínas beta-amilóides podem atacar as células cerebrais e causar demências como o Alzheimer  (Foto: National Institute on Aging, NIH/Flickr)

A pesquisa entende que as proteínas beta-amilóides podem atacar as células cerebrais e causar demências como o Alzheimer (Foto: National Institute on Aging, NIH/Flickr)

Cientistas do Krembil Brain Institute, no Canadá, estão revolucionando a maneira como a ciência entende o mal de Alzheimer. A inovação está em encarar o distúrbio não como uma doença cerebral, mas sim como uma condição autoimune crônica que ataca o cérebro.

A pesquisa que detalha essa nova concepção foi publicada na última terça-feira (27) na revista Alzheimer & Dementia e procurou desenvolver um novo modelo completo dos fatores determinantes da doença de Alzheimer. "Precisamos de novas formas de pensar sobre esta doença, e precisamos delas agora", alertou Donald Weaver, codiretor do Krembil Brain Institute, em comunicado.

Em artigo no The Conversation, Weaver explica que, por muitos anos, os cientistas estiveram focados em criar tratamentos para o Alzheimer que impedissem a formação de aglomerados de uma misteriosa proteína chamada beta-amilóide, prejudicial ao cérebro.

No entanto, a nova pesquisa entende que o beta-amilóide estaria exatamente onde deveria estar, atuando como um imunopeptídeo, um mensageiro dentro do nosso sistema imunológico. "Se tivermos traumatismo craniano, o beta-amilóide repara. Se um vírus ou uma bactéria aparecer, o beta-amilóide está lá para combatê-lo”, exemplifica Weaver.

O que acontece é que o beta-amilóide "fica confuso" e não consegue distinguir entre uma bactéria e uma célula cerebral e, por isso, inadvertidamente ataca nossas próprias células cerebrais. “Isso, então, se torna o que chamamos de doença autoimune. O sistema imunológico está realmente atacando o hospedeiro, nosso cérebro”, explica Weaver.

O novo modelo sugerido pelos pesquisadores, chamado AD2, reconhece que o beta-amilóide faz parte de um processo imunopático muito maior e altamente interconectado com outras funções cerebrais.

Repensar a doença de Alzheimer como uma doença autoimune abre portas para novos caminhos e abordagens diagnósticas, além de desenvolver novas terapias inovadoras. “Embora as drogas convencionalmente usadas no tratamento de doenças autoimunes possam não funcionar contra a doença de Alzheimer, acreditamos firmemente que direcionar outras vias de regulação imunológica no cérebro nos levará a novas e eficazes abordagens de tratamento para a doença”, afirmou Weaver ao The Conversation.