• Redação Galileu
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Vacina terapêutica contra câncer do colo do útero tem fase de testes promissora  (Foto: Louis Reed/ Unsplash)

Vacina terapêutica contra câncer do colo do útero tem fase de testes promissora (Foto: Louis Reed/ Unsplash)

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Brasil, o câncer de colo do útero é o quarto tumor mais comum em mulheres e, em 99,7% dos casos, é causado pelo vírus HPV. Para minimizar essa quadro, pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) estão desenvolvendo uma vacina terapêutica para tratar tumores causados pelo vírus.

Em estudo publicado em janeiro, na revista International Journal of Biological Sciences, os pesquisadores divulgaram os resultados dos ensaios pré-clinicos realizados com camundongos. Os testes mostram que, quando associado à quimioterapia, o imunizante induz uma resposta imune capaz de eliminar tumores em estágio avançado de desenvolvimento sem causar danos ao fígado ou aos rins. Além disso, não foi observação perda de peso nos animais. Sendo assim, a fórmula não apresentou toxicidade aos organismos.

A próxima fase da pesquisa é realizar a prova de conceito clínica em humanos, ou seja, validar os resultados observados na fase pré-clínica em um pequeno grupo de mulheres voluntárias. Atualmente, a prova está sendo conduzida com pacientes diagnosticadas com neoplasia intraepitelial cervical (NIC) de alto grau, um estágio anterior ao câncer do colo do útero, no Hospital das Clínicas da USP.

A próxima fase da pesquisa é realizar a prova de conceito clínica em humanos (Foto: National Cancer Institute/ Unsplash)

A próxima fase da pesquisa é realizar a prova de conceito clínica em humanos (Foto: National Cancer Institute/ Unsplash)

“Conseguimos fazer a prova de conceito em camundongos e agora estamos validando os resultados em humanos, acompanhando um grupo pequeno de pacientes por um período de seis meses a um ano. A publicação dos novos resultados deverá ser feita em meados de 2023 e então, partiremos para testes clínicos mais abrangentes, para avaliar a segurança e a eficácia do imunizante. Os resultados iniciais são muito animadores”, afirma Bruna Porchia, pós-doutoranda do ICB e primeira autora do estudo, em comunicado.

A aplicação do imunizante em humanos ocorre de forma indireta. É retirada uma amostra de sangue da paciente e, em laboratório, as células dendríticas (tipo de leucócito produzido na medula óssea que pode ser encontrado no sangue) são isoladas e ativadas in vitro com o imunizante. Após a ativação, as células retornam à paciente na forma de uma nova injeção.

Aplicado em duas doses, o imunizante poderá tratar tumores em estágios iniciais, porque é nesse momento em que se consegue melhor resposta do organismo. Além disso, com base nos testes já realizados, a tecnologia, considerada pioneira, pode ser aplicada para combater outras doenças crônicas ou infecciosas. “As possibilidades são muitas. Podemos desenvolver, por exemplo, vacinas para câncer de mama, câncer de próstata, tuberculose, hepatite, Covid-19, Zika e HIV”, destaca Porchia.