• Redação Galileu
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Remédios para dor e febre podem afetar a resposta imunológica contra o coronavírus  (Foto:  Hal Gatewood/Unsplash )

Remédios para dor e febre podem afetar a resposta imunológica contra o coronavírus (Foto: Hal Gatewood/Unsplash )

Medicamentos comuns para dor e febre podem afetar a resposta imunológica contra o vírus Sars-CoV-2, aumentando ou diminuindo o risco de infecção, concluiu uma revisão global de estudos publicada no último dia 1 de março no British Journal of Clinical Pharmacology.






A pesquisa realizada por pesquisadores da Universidade de Sydney, na Austrália, aponta que o paracetamol, ibuprofeno e a aspirina podem enfraquecer a resposta imune desencadeada pela vacinação contra a Covid-19. Já a morfina suprime células-chave do sistema imunológico, aumentando o risco de infecção, sobretudo em pacientes que passaram por cirurgias para remover cânceres.

Por outro lado, o estudo sugere que o anti-inflamatório indometacina pode reduzir a replicação viral do coronavírus. Ainda assim, os cientistas acreditam que mais testes clínicos em larga escala são necessários para comprovar essa relação.

“Nossa análise mostra que alguns dos medicamentos comuns para dor e febre podem funcionar com o sistema imunológico para combater infecções, enquanto outros trabalham contra ele e aumentam o risco de contrair ou responder mal a doenças infecciosas”, resume Christina Abdel-Shaheed, líder da pesquisa, em comunicado.

A princípio, os autores do estudo estavam apenas estudando os efeitos gerais dos analgésicos e antitérmicos, mas se surpreenderam com o que acharam. Shaheed notou que tomar paracetamol ou ibuprofeno após se vacinar contra a Covid-19, na intenção de evitar febre ou dor de cabeça, pode prejudicar a resposta que o corpo terá do imunizante.

Para Richard Day, um dos autores do estudo, um dos problemas desses fármacos é que eles existem há décadas, mas não se costumava considerar os impactos deles no funcionamento do sistema imunológico contra doenças infecciosas.






Os resultados do novo estudo alertam para como esses remédios deveriam ser mais explorados. Alguns deles podem até ser reaproveitados para melhorar os resultados para pessoas já em tratamento contra doenças, conforme sugere Andrew McLachlan, coautor da pesquisa.

“Com a necessidade urgente de novos tratamentos para a Covid-19 e o declínio da eficácia de alguns agentes antimicrobianos devido à resistência, agora mais do que nunca precisamos de remédios que possam manter ou aumentar a eficácia dos tratamentos com medicamentos anti-infecciosos”, diz ele, que dirige a Escola de Farmácia da Universidade de Sydney.