• Redação Galileu
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Qualidade dos anticorpos melhora 6 meses após vacina da Pfizer contra a Covid-19 (Foto: Prefeitura de São José dos Campos)

Qualidade dos anticorpos melhora 6 meses após vacina da Pfizer contra a Covid-19 (Foto: Prefeitura de São José dos Campos)

Estudos já evidenciaram que após a vacinação contra Covid-19 é normal haver queda na quantidade de anticorpos, mesmo após a dose de reforço. Uma nova pesquisa nos Estados Unidos avaliou em termos qualitativos a resposta imune e identificou melhora seis meses após a segunda dose da Pfizer. A conclusão foi divulgada na revista Nature nesta terça-feira (15).






A melhor qualidade de anticorpos depois da vacinação só havia sido investigada antes em animais, em pesquisa feita em 1964 pelos imunologistas Herman Eisen e Gregory Siskind, da da Universidade de Washington. O novo estudo é o primeiro a rastrear isso em seres humanos.

Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis, nos EUA, coletaram sangue de 42 pessoas, assim como amostras de linfonodos de 15 indivíduos e da medula óssea de outros 11. As coletas ocorreram antes da primeira dose da Pfizer e também por várias semanas após a vacinação.

Dentre todos os particiantes, oito forneceram os três tipos de amostras, permitindo aos cientistas acompanharem o desenvolvimento de anticorpos ao longo do tempo. Nenhum deles havia sido infectado pelo coronavírus anteriormente, então a resposta imune foi devido somente à vacinação.

Os pesquisadores notaram que, em todos os voluntários, células B contra o Sars-CoV-2 persistiram em estruturas chamadas centros germinativos por vários meses. Em meio ano, 10 em cada 15 pessoas ainda tinham as células imunes nessas áreas, consideradas “centros de treinamento” onde as células trabalham para produzir anticorpos de qualidade cada vez maior.

Quanto mais tempo as células B passam “treinando” nos centros germinativos, mais potentes ficam seus anticorpos. Acreditava-se que esses "centros" duravam só algumas semanas, mas, seis meses após a vacinação, a defesa foi visivelmente melhor por causa do “treino” das células.

Tal melhoria é visível no funcionamento das moléculas: apenas 20% dos anticorpos iniciais dos participantes se ligavam à proteína spike do vírus; mas, seis meses após a vacina da Pfizer, quase 80% fizeram a ligação com a estrutura, que facilita a entrada do vírus da Covid-19 no organismo. 





A qualidade da defesa foi medida a partir da cepa original do coronavírus, usada na fabricação da vacina. Isso significa que algumas variantes ainda podem escapar dos anticorpos que funcionam para a cepa original. 

Segundo Ali Ellebedy, autor sênior do estudo, se não houvesse mudanças no Sars-CoV-2, a maioria dos vacinados com duas doses estaria “em muito boa forma”. Porém, tudo muda quando surgem novas cepas. “Você tem que treinar seu sistema imunológico", afirma, em comunicado.

"É como atualizar seu software de antivírus para garantir que ele corresponda aos vírus de computador mais recentes que estão circulando", completa Ellebedy. "Isso não significa que o software antigo era ruim. Significa apenas que já não corresponde completamente aos vírus que irá encontrar”.