• Redação Galileu
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Cientistas avaliaram sintomas de Covid-19 a partir de um grupo de 3.762 participantes de 56 países (Foto:  Brittany Colette/Unsplash)

Cientistas avaliaram sintomas de Covid-19 a partir de um grupo de 3.762 participantes de 56 países (Foto: Brittany Colette/Unsplash)

Um estudo avaliou mais de 3,7 mil pessoas que vivem em 56 países e apresentam Covid-19 longa. A pesquisa identificou nesse grupo uma variedade de 203 sintomas, que afetam um total de 10 órgãos. Os resultados da pesquisa foram compartilhados, nesta quinta-feira (15), na publicação científica EClinicalMedicine.

A equipe de cientistas, liderada pela University College London, na Inglaterra, coletou dados por meio do grupo de apoio online Covid-19 Support Group, da organização de direitos na saúde Body Politic. Sintomas indicativos de Covid-19 foram declarados por 7 meses pelos participantes, que eram todos maiores de 18 anos – com ou sem teste positivo para o vírus Sars-CoV-2.






As manifestações tiveram início entre dezembro de 2019 e maio de 2020 e duravam mais de 28 dias. Os três incômodos mais recorrentes foram: fadiga, que afetou 98,3% das pessoas; mal-estar após esforço (89%) e disfunção cognitiva ou “névoa cerebral” (um tipo de confusão metal), que atingiu 85,1% do grupo. 

Já os sintomas mais debilitantes, segundo os entrevistados, eram também fadiga (citado por 2.652 pessoas), além de problemas respiratórios (2.242 indivíduos) e, novamente, disfunção cognitiva (1.274 participantes). Outras especificações, como alucinações visuais, tremores, coceira na pele, alterações no ciclo menstrual, disfunção sexual, palpitações cardíacas, visão turva e zumbido também entraram no levantamento.

No total, de 65,2% das pessoas sentiram algum tipo de sintoma por ao menos 6 meses. Depois de meio ano, entre 30% a 50% dos entrevistados relataram ainda terem insônia, palpitações cardíacas, dores musculares, falta de ar, tontura, problemas de equilíbrio e linguagem, além de dor nas articulações e taquicardia.

Sars-CoV-2 (amarelo) em células humanas cultivadas em laboratório (Foto: National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID))

Sars-CoV-2 (amarelo) em células humanas cultivadas em laboratório (Foto: National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID))






“Memória e disfunção cognitiva, experimentadas por mais de 85% dos entrevistados, foram os sintomas neurológicos mais difundidos e persistentes, igualmente comuns em todas as idades e com impacto substancial no trabalho”, destaca a pesquisadora Athena Akrami, que contribuiu com o estudo, em comunicado. Segundo ela, a evidência desses sintomas pode apontar para problemas mais graves, envolvendo tanto o sistema nervoso central quanto periférico.

A equipe de pesquisa espera que os resultados inspirem a ampliação de diretrizes médicas e a implementação de um programa acessível de triagem para diagnóstico e tratamento mais aprofundados. “É provável que haja dezenas de milhares de pacientes com Covid-19 longa sofrendo em silêncio, sem ter certeza de que seus sintomas estão ligados a Covid-19”, conta Akrami.