• Beatriz Gatti*
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Iniciativa FutureProofing Healthcare avaliou dez países da América Latina a respeito da medicina personalizada (Foto: MART PRODUCTION/Pexels)

Iniciativa FutureProofing Healthcare avaliou dez países da América Latina a respeito da medicina personalizada (Foto: MART PRODUCTION/Pexels)

Entre os dez países avaliados pelo Índice de Medicina Personalizada da América Latina, criado pela iniciativa internacional FutureProofing Healthcare LATAM, o Brasil ficou na sétima posição, ganhando apenas do Equador, Peru e Panamá. O líder do levantamento divulgado nesta quinta-feira (8) foi o Uruguai, seguido por Chile, Costa Rica, Argentina, Colômbia e México.

O índice foi idealizado e financiado pela farmacêutica suíça Roche, mas especialistas independentes ficaram responsáveis pela condução do estudo. “Eu sinto que nunca enxergamos tanto a importância de um sistema de saúde robusto para nossa sociedade quanto estamos vendo nos tempos da pandemia, que exerceu enorme pressão sobre os países da América Latina”, disse Rolf Hoenger, diretor da divisão latino-americana da Roche, no evento de lançamento do índice. “Os sistemas de saúde precisam de informação e tecnologia, que devem ser fundamentados em dados de qualidade.”

Liderados pelo Instituto Copenhague para Estudos do Futuro, na Dinamarca, a equipe de especialistas baseou-se em dados de terceiros para formular pontuações de 0 a 100 em cada um dos múltiplos indicadores agrupados em quatro categorias: informações sobre saúde, serviços de saúde, tecnologias personalizadas e contexto político.

O melhor resultado do Brasil foi em informações sobre saúde, em que ocupou o terceiro lugar da classificação geral e teve destaque no acesso dos pacientes a dados de instituições de saúde. Nesse indicador, o país esteve à frente dos outros nove.

Outro bom resultado refere-se à área de pesquisa, que viu o Brasil liderar o indicador de investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D), embora não tenha tido um desempenho forte na categoria de serviços de saúde de maneira geral — ficamos em quinto lugar.

Quanto a tecnologias personalizadas — que analisa aspectos como triagem de doenças genéticas, telemedicina e uso de dispositivos de saúde conectados —, os números brasileiros indicam necessidade de muitas melhorias. Ocupando a nona posição, assim como na categoria de contexto político, o país também teve notas baixas em relação à educação digital e apoio político para parcerias público-privadas no setor da saúde.

A missão do levantamento é estimular a troca de experiências, sucessos e fracassos entre os sistemas de saúde da América Latina. “Não podemos somente trabalhar em um país. A saúde personalizada precisa ser trabalhada além de jurisdições”, defende Bogi Eliasen, diretor de saúde do Instituto Copenhague para Estudos do Futuro. “O que queremos alcançar com esse índice é mostrar quais e onde as práticas funcionam e aprender com elas. Mas também ver o que não devemos fazer.”

O conceito de medicina personalizada pode parecer um tanto redundante para alguns, já que pode parecer estar ligado somente à ideia de um atendimento clínico individualizado. Mas o conceito trazido pelo FutureProofing Healthcare LATAM é mais amplo e faz referência a uma base de dados que podem ajudar na implementação de sistemas de saúde sustentáveis, personalizados, integrados e digitais. “São eles [os dados] que nos permitem um uso eficiente dos recursos, o que, para mim, é a essência da medicina personalizada. Por isso estamos lançando o índice e vemos este passo como o primeiro para saber onde estamos e em qual direção temos que ir”, finaliza Hoenger.

*Com supervisão de Larissa Lopes