• Redação Galileu
Atualizado em
O que você precisa saber antes de tomar a vacina da Janssen (Foto: Mika Baumeister/Unsplash)

O que você precisa saber antes de tomar a vacina da Janssen (Foto: Mika Baumeister/Unsplash)

No final de março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial da vacina da Janssen contra a Covid-19. Aplicado em dose única, o imunizante chegou ao Brasil na manhã desta terça-feira (22), quando um avião com um lote de 1,5 milhão de doses aterrissou no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Até o final de 2021, o contrato firmado entre o Ministério da Saúde e a empresa belga — braço farmacêutico da Johnson & Johnson — prevê a entrega de outras 36,5 milhões de doses ao país.

O primeiro lote enviado ao Brasil tem validade original de três meses. No entanto, na última segunda-feira (14), a Anvisa aprovou a prorrogação do tempo de uso das doses, permitindo que a quantidade seja administrada até agosto — assim, o limite passou de três para quatro meses e meio. A mudança seguiu a decisão do órgão regulador do setor de alimentação e medicamentos dos Estados Unidos, o FDA (Food and Drug Administration), que estendeu o prazo de validade das doses da Janssen de 12 para 18 semanas.

Com condições de armazenamento entre 2ºC e 8ºC, a vacina será a primeira a ser aplicada em regime de dose única no país. Ela consiste em uma injeção intramuscular de 0,5 ml. Os outros três imunizantes que integram o Programa Nacional de Imunização (PNI) — CoronaVac, Oxford/AstraZeneca e Pfizer — são administrados em duas doses, respeitando intervalos de tempo específicos.

Eficácia e variantes

Em estudo realizado simultaneamente com cerca de 44 mil voluntários distribuídos em oito países de três continentes — incluindo o Brasil —, a vacina demonstrou eficácia geral de 66,9% contra casos moderados de Covid-19, e de 77% contra quadros severos da doença nos primeiros 14 dias após a vacinação. No 28º dia depois da aplicação, o imunizante ofereceu proteção de 66% contra casos moderados, 85% contra quadros graves e 100% contra hospitalização e morte pelo novo coronavírus.

Publicados no periódico científico New England Journal of Medicine, esses resultados foram obtidos a partir de uma população ampla, que incluiu 34% de pessoas com mais de 60 anos de idade.

Uma outra pesquisa veiculada pela revista científica Nature no dia 9 de junho, ainda, concluiu que a vacina — tecnicamente conhecida como Ad26.COV2.S – também é capaz de estimular anticorpos contra algumas das principais variantes do Sars-Cov-2: a Alfa (B.1.1.7, do Reino Unido), a Beta (B.1.1351, da África do Sul), a Gama (P.1, do Brasil) e a Epsilon (CAL.20C, dos Estados Unidos).

Como funciona a vacina?

O imunizante da Janssen é baseado no vetor de um vírus que causa o resfriado comum, o adenovírus sorotipo 26. Esse vetor foi modificado em laboratório de forma a carregar, dentro de si, parte do código genético do Sars-CoV-2 — mais especificamente, a sequência que se refere à proteína S, que ajuda o patógeno a entrar nas células humanas.

Ao ser introduzido no organismo, esse vetor de adenovírus “ensina” o sistema imunológico a reconhecer a ameaça do novo coronavírus, fazendo com que o corpo crie uma memória contra o patógeno. Caso venha a ser infectado com o vírus, o sistema de defesa estará, então, pronto para reconhecê-lo e combater sua ação.

Uma vez que o vetor viral foi modificado, a vacina não é capaz de causar o resfriado comum. Essa tecnologia também é semelhante à da vacina de Oxford/AstraZeneca.

Reações e efeitos colaterais

De acordo com a Johnson & Johnson, a vacina pode gerar reações no local da aplicação, como dor, vermelhidão na pele e inchaço. Efeitos colaterais como dor de cabeça, sensação de cansaço, dores musculares, náusea e febre também foram observados durante os testes clínicos.

Com dose única, vacina da Janssen tem resposta "robusta" contra variantes em estudo (Foto: Marcely Gomes/Semcom)

Com dose única, vacina da Janssen tem resposta robusta contra variantes em estudo (Foto: Marcely Gomes/Semcom)

Há, ainda, “uma chance remota” de que o imunizante possa causar uma reação alérgica grave. Muito rara, seus sinais incluem dificuldade para respirar, inchaço no rosto e garganta, batimento cardíaco acelerado, erupção cutânea forte em todo o corpo, tonturas e fraqueza. Essa reação, segundo comunicado enviado à imprensa, geralmente ocorre dentro de alguns minutos a uma hora após a administração da vacina. Por isso, quem aplica a vacina pode pedir que a pessoa que receber a dose permaneça no local de vacinação para ser monitorada.

Quem deve procurar um médico antes de tomar

A vacina da Janssen pode ser aplicada em qualquer indivíduo com 18 anos ou mais, mas a Johnson & Johnson informa o imunizante não deve ser administrado em pessoas que já tiveram reações alérgicas graves a qualquer ingrediente do imunizante.

Além disso, a empresa sugere que alguns grupos procurem seu médico antes de receber a dose. São eles: pessoas que já tiveram reações alérgicas após outros tipos de vacina; quem está com febre acima de 38ºC; indivíduos com problemas hemorrágicos ou em uso de anticoagulante; imunodeprimidos ou pessoas que tomam remédios que enfraquecem o sistema imunológico; grávidas e lactantes; e quem já recebeu a primeira dose de outro imunizante contra a Covid-19.

Onde ela está sendo aplicada

Cinquenta e dois países já autorizaram a aplicação do imunizante da Janssen, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Alemanha e Países Baixos. A produção da vacina foi aprovada em caráter emergencial pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 12 de março de 2021.

No Brasil, as doses serão distribuídas para todo o país, segundo comunicado do Ministério da Saúde nas redes sociais. A quantidade exata que cada estado receberá, porém, ainda não foi divulgada.