• Beatriz Lourenço*
Atualizado em
Segundo pesquisa do Ibope Inteligência, em parceria com a Pfizer, a pandemia mudou a percepção de jovens e adultos sobre a importância da vacinação (Foto: Unsplash)

Segundo pesquisa do Ibope Inteligência, em parceria com a Pfizer, a pandemia mudou a percepção de jovens e adultos sobre a importância da vacinação (Foto: Unsplash)

Uma nova pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência, a pedido da farmacêutica Pfizer, mostrou a atual percepção dos brasileiros em relação à vacinação. Em linhas gerais, o levantamento conclui que a imunização em adultos ainda é um desafio mas, diante da pandemia de Covid-19, esse cenário pode mudar.

A pesquisa foi elaborada para avaliar a conscientização da população sobre a importância das vacinas e o impacto do novo coronavírus sobre o assunto. Foram analisadas as respostas de duas mil pessoas da capital de São Paulo e das regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte, Curitiba e Salvador. Na pesquisa, além de identificar os principais hábitos dos brasileiros em relação à vacinação, os entrevistados também tiveram que revelar o quão importante consideram a imunização de 1 a 5, sendo 1 equivalente a "sem importância" e 5 correspondendo a "muito importante."

Conscientização

Os resultados mostram que a maioria dos entrevistados reconhece a importância da vacinação, mas não está totalmente ciente de que a imunização seja essencial para todas as fases da vida, e não apenas na infância ou terceira idade.

Quando se fala em vacinação para bebês e crianças de até 10 anos, 88% dos entrevistados afirmam considerar os imunizantes "muito importantes". No entanto, apenas 63% acreditam que a vacinação seja "muito importante" para adultos saudáveis de 19 a 59 anos. Os brasileiros também consideram a imunização extremamente relevante para gestantes (83%), adultos com doenças crônicas (83%), pessoas a partir de 60 anos (89%) e profissionais da saúde (91%).

Esses dados mostram que o cuidado com as crianças ainda é grande, mas a partir da adolescência esse entendimento muda. "Isso ocorre pelo desconhecimento do risco de doenças, pela complexidade do calendário vacinal, pela desvalorização do Sistema Único de Saúde (SUS) e até pelas fake news sobre o assunto", explica Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), em coletiva à imprensa.

Seguir as campanhas e verificar as datas da carteirinha de vacinação ao longo de toda a vida é um hábito necessário para saber se estamos protegidos de vírus e bactérias — independentemente da idade.

Ainda assim, metade dos brasileiros não verificam se a carteirinha de vacinação está em dia. Entre os entrevistados, 13% costumam atualizar apenas a carteirinha dos filhos. Outros 17% nunca olham o documento, não o possuem ou nem sabem onde ele está. Para 20% dos participantes, a carteirinha só é verificada quando alguém os lembra, quando é solicitado por um médico ou quando surgem surtos, epidemias e pandemias.

Mudança de mentalidade

Como também mostra a pesquisa, a pandemia de Covid-19 mudou positivamente o entendimento de 27% dos respondentes sobre vacinas. A mudança foi mais acentuada entre homens: 31% passaram a se informar mais sobre a imunização ou passaram a acreditar que a vacinação é importante para evitar doenças. Entre os mais jovens, independentemente do gênero, essa nova postura foi verificada em 39% dos entrevistados.

"A pandemia trouxe uma necessidade de valorização da ciência e esse número crescente é promissor porque vínhamos em uma onda de descrédito da vacinação", afirma Rosana Richtmann, integrante do comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). "Mudar a percepção, principalmente do jovem, é muito importante."

Ainda há desafios

Embora a pandemia tenha mudado o entendimento de alguns sobre a importância da vacinação, ela criou barreiras para que a imunização aconteça. Em um recorte específico de mães e pais de crianças até cinco anos, aproximadamente 30% atrasaram o processo de vacinação ou não sabem como está a situação da carteira vacinal. Entre os respondentes, 6% afirmam que pretendem vacinar as crianças somente quando a pandemia passar.

"Estamos com os números bem abaixo da meta, o que pode ocasionar novos surtos e epidemias de doenças como o sarampo, por exemplo", alerta Richtmann. "O medo é justificável, mas é importante vacinar seguindo todos os protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS)". 

*Com supervisão de Larissa Lopes