• Redação Galileu
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Autópsias revelam mudanças cardíacas peculiares em vítimas da Covid-19 (Foto: Unsplash)

Autópsias revelam mudanças cardíacas peculiares em vítimas da Covid-19 (Foto: Unsplash)

Uma série de autópsias conduzidas no Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual da Louisiana, nos Estados Unidos, revelaram que os danos ao coração de pacientes com Covid-19 são diferentes dos associados à miocardite (inflamação do músculo cardíaco). Como explicam em artigo, publicado nesta terça-feira (21) no Circulation, a análise de 22 corpos revelou um padrão único de morte celular nas vítimas do novo coronavírus.

"Identificamos as principais alterações microscópicas e macroscópicas que desafiam a noção de que a miocardite típica está presente na infecção grave por Sars-CoV-2", disse Richard Vander Heide, coautor do estudo e professor da Escola de Medicina da instituição, em comunicado. "Embora o mecanismo de lesão cardíaca da Covid-19 seja desconhecido, propomos novas teorias com embasamento mais aprofundado que levará a uma maior compreensão [do problema] e possíveis intervenções de tratamento."

As autópsias também mostraram que, ao contrário do coronavírus causador da Sars, o Sars-CoV-2 não estava presente nas células musculares do coração e não haviam coágulos sanguíneos oclusivos nas artérias coronárias. Os cientistas confirmaram, entretanto, análises anteriores que relacionaram danos nas pequenas vias aéreas do pulmão (alvéolos), onde ocorrem trocas gasosas, a coágulos e sangramentos nos vasos pulmonares.

Além disso, o microrganismo foi encontrado em algumas células presentes no revestimento dos vasos sanguíneos menores (endotélio). Segundo eles, mesmo em níveis baixos, o fenômeno pode ser suficiente para causar problemas graves no corpo, causando morte celular.

A equipe acredita que a chamada "tempestade de citocinas", uma reação exagerada das células do sistema imunológico durante o combate à infecção, pode agravar ainda mais quadros do tipo. "Dado que as células inflamatórias podem passar pelo coração sem estarem presentes no tecido propriamente dito, não se pode descartar um papel no dano endotelial induzido pelas citocinas", ponderou Vander Heide.