• Redação Galileu
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Evento marca o retorno dos Estados Unidos à linha de frente no combate ao aquecimento global (Foto: Leaders Summit on Climate/Reprodução)

Evento marca o retorno dos Estados Unidos à linha de frente no combate ao aquecimento global (Foto: Leaders Summit on Climate/Reprodução)

Nesta quinta-feira (22), lideranças de 40 países, incluindo o Brasil, participam do primeiro dia de um evento que marca o retorno dos Estados Unidos à linha de frente no combate ao aquecimento global: a Cúpula de Líderes sobre o Clima. Organizada pelo governo Joe Biden, a reunião virtual promete pautar metas climáticas mais ambiciosas para os EUA – e quer incentivar outras nações do mundo a fazerem o mesmo.


A cúpula, que se estenderá até sexta-feira (23), foi descrita pela Casa Branca como uma tentativa de “enfatizar a urgência e os benefícios econômicos de uma ação climática mais forte” – uma das bandeiras responsáveis pela posse de Biden. Na contramão dos feitos do ex-presidente Trump, o democrata foi responsável por trazer os EUA de volta para o Acordo de Paris, cuja meta é limitar o aumento da temperatura média do planeta até 1,5 °C em comparação aos níveis pré-industriais.

Considerado o ponto-chave para o cumprimento do acordo, a redução das emissões dos gases de efeito estufa – responsáveis por reter na atmosfera parte do calor recebido do Sol e aumentar a temperatura global – é também o principal assunto da Cúpula de Líderes sobre o Clima. Em discurso na abertura do evento, Biden formalizou o anúncio de uma meta de corte arrojada para os EUA: de 50% a 52% até 2030. "Os EUA colocam-se a caminho para reduzir os gases de efeito estufa pela metade até o final da década, é para lá que estamos indo como nação”, afirmou o presidente.

Em discurso na abertura do evento, Biden formalizou o anúncio de uma meta de corte arrojada para os EUA: 50% até 2030. (Foto: Chris LeBoutillier/Pexels)

Em discurso na abertura do evento, Biden formalizou o anúncio de uma meta de corte arrojada para os EUA: 50% até 2030. (Foto: Chris LeBoutillier/Pexels)


O evento pode ser acompanhado ao vivo pelo site da Casa Branca com interpretação simultânea disponível em inglês, espanhol, árabe, chinês, francês e russo. A cerimônia também é vista como um preparatório para a Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP26), evento organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) agendado para novembro deste ano, em Glasgow, no Reino Unido. Na ocasião, os 195 países signatários do Acordo de Paris farão um balanço do que fizeram nos últimos cinco anos em prol da redução dos gases de efeito estufa – e apresentarão novas metas para combater o aquecimento global.

Empregos, soluções baseadas na natureza e países vulneráveis

Além de incentivar a descarbonização da economia, os EUA também pretendem usar o evento para discutir como a agenda climática pode trazer benefícios para a criação de empregos no país. “[A ideia é] impulsionar tecnologias de transformação que podem ajudar a reduzir as emissões e se adaptar às mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que criam novas oportunidades econômicas enormes e constroem as indústrias do futuro”, afirma comunicado oficial da Casa Branca.

Para isso, o governo irá apresentar atores subnacionais e não estatais comprometidos com a economia verde e que estão trabalhando em colaboração com o governo nacional para “promover ambição e resiliência climática”. Países como o Canadá e a Costa Rica também falarão sobre como substituir atividades poluidoras por soluções baseadas na natureza (“nature based solutions”, em inglês).

Essas soluções são o caminho para o alcance da chamada “neutralidade climática”, conquitada quando todas as emissões de gases de efeito estufa se igualam – ou chegam muito perto de se igualar – aos níveis de remoção desses gases da atmosfera. Só assim o mundo zeraria suas "emissões líquidas", o que, de acordo com a ONU, precisa acontecer até a metade do século. A meta aparece como destaque nos objetivos da cúpula nos EUA: “discutir o impacto na prontidão e abordar o papel das soluções baseadas na natureza para atingir as metas líquidas zero até 2050”.

Além de nações que estão entre os maiores emissores de CO2 do mundo – como China, Rússia e Índia –, líderes de países que são especialmente acometidos pelos impactos do aquecimento global também marcarão presença no evento, a exemplo de Bangladesh, Jamaica e Quênia. Não à toa: segundo a Casa Branca, a cúpula quer “mobilizar o financiamento dos setores público e privado para impulsionar a transição líquido-zero [isto é, zerar as emissões líquidas] e ajudar os países vulneráveis a lidar com os impactos climáticos”.

Outro objetivo, de acordo com o principal órgão dos EUA, também é mirado pela cúpula: "ser uma oportunidade para os países delinearem como também contribuirão para uma ambição climática mais forte" – metas que precisarão ser apresentadas à ONU em poucos meses, na (COP26).