• Redação Galileu
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Uma das regiões de aquecimento mais rápido do mundo, a Península Antárctica está vivendo um derretimento acelerado nas últimas décadas (Foto: GRID-Arendal/Creative Commons)

Uma das regiões de aquecimento mais rápido do mundo, a Península Antárctica está vivendo um derretimento acelerado nas últimas décadas (Foto: GRID-Arendal/Creative Commons)

Devido às mudanças climáticas, a temperatura da Península Antártica poderá aumentar de 0,5 a 1,5 ºC até 2044. É o que alerta um estudo recente realizado por pesquisadores do Chile e dos Estados Unidos, que analisou 19 modelos globais de clima para chegar à projeção.

Publicada em fevereiro no periódico científico Climate Dynamics, a investigação estima que o pico projetado para o aumento da temperatura – cerca de 2º C – aconteceria durante o outono e inverno da Antártica. No entanto, os impactos seriam maiores no verão, com a aceleração do derretimento do gelo. Segundo os pesquisadores, entre 2020 e 2044, os níveis de precipitação na península poderão sofrer um aumento na ordem de 5 a 10%.

Para David Bromwich, professor do Centro de Pesquisa Polar e Climática Byrd, da Universidade Estadual de Ohio, nos EUA, o excesso de gelo líquido pode funcionar como um “martelo” ou algo que “estilhaçaria” a neve, contribuindo para o fluxo de gelo no oceano. “Se o sol bater nele [no gelo derretido], uma boa fração da energia vai derreter”, explica o coautor do estudo, em nota.

Uma das regiões de aquecimento mais rápido do mundo, a Península Antárctica está vivendo um derretimento acelerado nas últimas décadas. Segundo levantamento publicado em junho de 2018 na revista Nature, só entre 1992 e 2017, a região perdeu cerca de 2,7 trilhões de toneladas de gelo, o que corresponde a um aumento no nível global do mar de mais de 7,5 milímetros.

Modelos climáticos

Coberta por montanhas que podem atingir cerca de 2,8 mil metros de altitude, a Península Antártica apresenta uma série de desafios para os modelos climáticos, especialmente os mais abrangentes. Segundo Bromwich, esses modelos numéricos – que, inclusive, fizeram parte do estudo – podem acabar ignorando algumas nuances de como as mudanças climáticas afetam regiões menores.

Na pesquisa, os cientistas citam, por exemplo, um dos fatores negligenciados pela maioria dos simuladores das dinâmicas do clima terrestre no que diz respeito à Antártica: as mudanças nos ventos do oeste perto dos pólos. “Os ventos de oeste sopram diretamente sobre a península Antártica, criando uma espécie de microclima que os grandes modelos climáticos costumam deixar passar'', explica Bromwich.

Para chegar a resultados mais acurados, diz o estudo, é necessário, portanto, que as projeções climáticas também sejam feitas com novos modelos de menor abrangência terrestre.