• Redação Galileu
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Os fluxos oceânicos de pelo menos um tipo de clorofluorcarboneto afetam as concentrações atmosféricas, segundo os pesquisadores (Foto: Pixabay/PublicCo)

Os fluxos oceânicos de pelo menos um tipo de clorofluorcarboneto afetam as concentrações atmosféricas, segundo os pesquisadores (Foto: Pixabay/PublicCo)

Pesquisadores norte-americanos concluíram que os oceanos, conhecidos por armazenarem gases clorofluorcarbonetos (CFC), estão agora começando a produzir essas substâncias destruidoras da camada de ozônio. Os resultados do estudo foram publicados nesta segunda-feira (15) no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.

A pesquisa, liderada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), aponta que pelo menos um tipo de gás CFC, chamado CFC-11, está saindo dos oceanos e alterando as concentrações atmosféricas, o que pode agravar o aquecimento global. A estimativa é que, até o ano de 2075, as águas oceânicas vão emitir mais desse gás para a atmosfera do que absorver.


A situação será tão crítica que as quantidades ​​do poluente serão detectáveis até 2130. Isso porque as emissões vindas do oceano irão estender o tempo médio no qual o gás se perpetua, fazendo com que ele permaneça cinco anos a mais na atmosfera do que o esperado.

Fora que, devido às mudanças climáticas, os oceanos produzirão os gases CFC cerca de 10 anos antes do que era previsto pelos cientistas. Dessa forma, o papel de longa data das águas oceânicas como um sumidouro desses gases irá acabar.

Essa péssima mudança é tão contrastante que pode até atrapalhar o trabalho dos cientistas. As emissões vindas do oceanos poderiam, por exemplo, ser facilmente confundidas com as que são feitas por países que desobedecem protocolos ambientais, segundo comenta em comunicado a coautora da pesquisa, Susan Solomon, do Departamento de Ciências da Terra, Atmosféricas e Planetárias do MIT.

“Quando você chegar à primeira metade do século 22, terá fluxo suficiente saindo do oceano para que pareça que alguém está trapaceando no Protocolo de Montreal, mas, em vez disso, pode ser apenas o que está por vir fora do oceano”, alerta Solomon.

O CFC-11 costuma ser usado na fabricação de refrigerantes e espumas isolantes. Quando emitido para a atmosfera, ele desencadeia uma reação que acaba destruindo o ozônio, a camada atmosférica que protege a Terra da radiação ultravioleta prejudicial. Desde 2010, a produção e o uso do produto químico foram eliminados em todo o mundo sob o Protocolo de Montreal, um tratado global que visa restaurar e proteger a camada de ozônio.

Desde então, os níveis de CFC-11 na atmosfera têm diminuído constantemente, e os cientistas estimam que o oceano absorveu cerca de 5 a 10% de todas as emissões fabricadas. À medida que as concentrações continuam caindo na atmosfera, no entanto, prevê-se que o produto ficará supersaturado no oceano.

“Por algum tempo, as emissões humanas foram tão grandes que o que estava indo para o oceano era considerado insignificante”, diz Solomon. “Agora, enquanto tentamos nos livrar das emissões humanas, descobrimos que não podemos mais ignorar completamente o que o oceano está fazendo.”

Esta matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Saiba mais em umsoplaneta.globo.com