• Redação Galileu
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Estudo da Nasa e do Centro Aeroespacial Alemão revela que micróbios da Terra poderiam sobreviver temporariamente em Marte (Foto: Nasa)

Equipamento MARSBOx na estratosfera terrestre (38 km de altitude) expondo as amostras à radiação UV (Foto: Nasa)

Um estudo conjunto entre a Nasa e o Centro Aeroespacial Alemão concluiu que alguns microrganismos terrestres poderiam sobreviver na superfície de Marte. Com resultados publicados na última segunda-feira (22) no Frontiers in Microbiology, os testes foram feitos na estratosfera da Terra, que tem condições mais aproximadas àquelas encontradas no Planeta Vermelho.

Os pesquisadores defendem que o estudo abre caminho para entender a ameaça que os micróbios podem significar para os próprios astronautas (imagine ficar doente em Marte!) e também oferecer oportunidades de recursos fora do nosso planeta. “Alguns micróbios podem ser inestimáveis para a exploração espacial. Eles poderiam nos ajudar a produzir alimentos e suprimentos materiais independentemente da Terra, o que será crucial quando longe de casa”, explica a autora Katharina Siems, do Centro Aeroespacial Alemão, em comunicado.

Com um balão científico, a equipe de cientistas enviou equipamentos à estratosfera terrestre, acima da camada de ozônio, para testar a resistência de bactérias e fungos a condições marcianas. No experimento, chamado MARSBOx, os micróbios foram expostos às mesmas pressão e atmosfera de Marte, essa criada artificialmente.

Maria Filipa Cortesão, coautora, conta que alguns micróbios, como esporos do fungo preto, foram capazes de sobreviver à viagem mesmo quando expostos à radiação ultravioleta muito alta — mil vezes maior do que o nível que pode causar queimaduras solares na pele. “A caixa [do experimento] carregava duas camadas de amostra, com a camada inferior protegida da radiação. Isso nos permitiu separar os efeitos da radiação de outras condições testadas: dessecação, atmosfera e flutuação de temperatura durante o voo”, diz Cortesão.

Disco de quartzo com esporos de Aspergillus niger secos, antes de ser colocado nos transportadores de amostra de alumínio na caixa Trex (Foto: Centro Aeroespacial Alemão (DLR))

Disco de quartzo com esporos de Aspergillus niger secos, antes de ser colocado nos transportadores de amostra de alumínio na caixa Trex (Foto: Centro Aeroespacial Alemão (DLR))

Para além da saúde dos astronautas e possibilidade de obtenção de recursos, observar a resistência dos micróbios às viagens espaciais é importante para constatar a certeza de que qualquer descoberta de vida extraterrestre não tenha, na verdade, partido da Terra e viajado junto às missões.