• Redação Galileu
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Ao fundir cromossomos, os pesquisadores produziram o primeiro cariótipo de engenharia sustentável para camundongos de laboratório. O camundongo da imagem cromossomos fundidos. (Foto: WANG Qiang/ Academia Chinesa de Ciências)

Ao fundir cromossomos, os pesquisadores produziram o primeiro cariótipo de engenharia sustentável para camundongos de laboratório. (Foto: WANG Qiang/ Academia Chinesa de Ciências)

Normalmente, alterações cromossômicas evolutivas podem levar um milhão de anos para ocorrerem naturalmente. Uma nova pesquisa da Academia Chinesa de Ciências, no entanto, desenvolveu uma técnica para editar geneticamente camundongos em laboratório sem precisar levar tanto tempo para que ela ocorra.

Publicado na última quinta-feira (25) na Science, o estudo revela a engenharia de nível cromossômico utilizada com sucesso em ratos domésticos de laboratório para gerar um novo e sustentável cariótipo (conjunto de cromossomos), fornecendo informações sobre como os rearranjos cromossômicos podem influenciar a evolução.

Os cromossomos, cadeias de proteínas e DNA dentro das células guardam os nossos genes, herdados de nossos pais e misturados para nos tornar quem somos. Para mamíferos como camundongos e nós, humanos, os cromossomos normalmente vêm emparelhados, com um conjunto adicional de cromossomos fornecido por um espermatozóide.

Para realizar o feito, os pesquisadores precisaram usar células-tronco de embriões de camundongos não fertilizados, ou seja, que tem apenas um conjunto de cromossomos. Dessa maneira, foi possível testar a fusão de cromossomos, que resultou em cariótipos com três arranjos diferentes. 

Um dos arranjos não levou nenhum filhote de camundongo a termo, enquanto o arranjo oposto produziu filhotes que se tornaram adultos maiores, mais ansiosos e fisicamente mais lentos. Já o terceiro arranjo foi capaz de produzir descendentes com camundongos do tipo selvagem, mas a uma taxa muito menor do que os camundongos de laboratório padrão.

“Alguns camundongos de engenharia mostraram comportamento anormal e supercrescimento pós-natal, enquanto outros exibiram diminuição da fecundidade, sugerindo que, embora a mudança da informação genética fosse limitada, a fusão de cromossomos animais poderia ter efeitos profundos”, disse Zhi-Kun Li, da Academia Chinesa de Ciências, em comunicado.

Para Li, essa descoberta mostrou que o rearranjo cromossômico é a força motriz por trás da evolução das espécies e também é muito importante para o isolamento reprodutivo, fornecendo uma rota potencial para a engenharia em larga escala de DNA em mamíferos.