• Da Redação
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Moscas da fruta priorizam acasalamento à sobrevivência  (Foto: Reprodução/Pixabay)

Moscas da fruta priorizam acasalamento à sobrevivência (Foto: Reprodução/Pixabay)

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, aponta que entre acasalar e sobreviver, as moscas da fruta preferem a primeira opção. O resultado, divulgado na revista acadêmica Proceedings of the Royal Society B, destaca que as moscas, mesmo infectadas por agentes bacterianos, continuam a se acasalar normalmente.

Analisando o sistema imunológico desses animais, é possível observar que quando contaminadas, as moscas têm a energia reduzida para que seu sistema produza uma resposta imune, sobrando menos vigor para atividades como o acasalamento. Porém, o estudo revelou que as moscas das frutas, quando infectadas, sendo elas machos ou fêmeas, continuaram a se relacionar mesmo com o contágio.

Segundo a doutora Carolina Rezaval, líder da pesquisa, combater doenças infecciosas geralmente exige muita energia do sistema imunológico. Os animais têm recursos energéticos limitados que precisam ser distribuídos entre diferentes atividades, como combater infecções ou acasalar. “Estávamos interessados em entender como os animais priorizam e equilibram seus investimentos na defesa imunológica e na reprodução”, afirma ela.

Processo de pesquisa

Saloni Rose, Ph.D e aluna de Rezeval, infectou moscas das frutas pertencentes à família Drosophilidae. Ao realizar o procedimento em machos e fêmeas com diferentes agentes patológicos, variando no tipo e gravidade, ela descobriu que os comportamentos de acasalamento dos insetos contaminados eram semelhantes aos dos insetos saudáveis.

Esses insetos possuem uma capacidade de reprodução extremamente rápida. Em temperatura ambiente, uma fêmea pode botar de 30 a 50 ovos por dia durante sua vida, ou seja, mesmo após o experimento, essa prática não foi afetada. Além disso, as moscas não infectadas acasalaram do mesmo modo com parceiros infectados e saudáveis, sugerindo que não há seleção contra companheiros infectados.

Apesar da descoberta, as moscas não são alheias à contaminação. Outros comportamentos como alimentação, sono e locomoção são afetados, de acordo com estudos anteriores.
Esse novo estudo sugere que os hábitos de acasalamento sejam priorizados mesmo quando outros desempenhos são alterados durante o desenvolvimento da infecção.

“Quando confrontados com uma potencial ameaça à vida, alguns animais respondem investindo mais na reprodução, provavelmente na tentativa de passar os genes para a próxima geração", explicam as especialistas. "Isso pode muito bem ser o que está acontecendo com as moscas das frutas nas condições testadas em laboratório. Mais trabalho é necessário para descobrir o que está acontecendo no cérebro para manter os comportamentos reprodutivos diante da infecção."