• Redação Galileu
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Craugastor cueyatl, uma das espécies de sapos recém-descobertos, senta-se em uma moeda mexicana de 10 pesos com 28 mm de diâmetro (Foto: Jeffrey W Streicher/ Museu de História Natural, Londres)

Craugastor cueyatl, uma das espécies de sapos recém-descobertos, senta-se em uma moeda mexicana de 10 pesos com 28 mm de diâmetro (Foto: Jeffrey W Streicher/ Museu de História Natural, Londres)

Cientistas descobriram 6 novas espécies de sapo com tamanho aproximado de uma unha do polegar. Os animais pequeninos, que vivem nas florestas do México, foram descritos detalhadamente em estudo publicado no último dia 4 de abril no jornal Herpetological Monographs.






Os sapinhos têm menos de 1,5 centímetro de comprimento e foram chamados de Craugastor bitonium, Craugastor cueyatl, Craugastor polaclavus, Craugastor portilloensis, Craugastor rubinus e Craugastor candelariensis. Os machos adultos da última espécie —  a menor entre todos os sapos mexicanos — crescem apenas até 1,3 centímetro.

Curiosamente, os anfíbios recém-descobertos não passam pela fase de girino: eles saem de seus ovos já como “sapos em miniatura”. Contudo, até agora essas novas espécies passaram despercebidas porque são pequenas e marrons e se parecem muito com outros sapos, segundo conta em comunicado Tom Jameson, pesquisador do Departamento de Zoologia da Universidade de Cambridge que liderou o estudo.

Craugastor rubinus em moeda mexicana de 10 pesos (Foto: Jeffrey W Streicher, Museu de História Natural, Londres)

Craugastor rubinus em moeda mexicana de 10 pesos (Foto: Jeffrey W Streicher, Museu de História Natural, Londres)

"O estilo de vida deles é absolutamente fascinante", diz o cientista. "Esses sapos vivem no escuro e úmido lixo das florestas, que é como um mundo secreto — nós realmente não sabemos nada sobre o que acontece lá. Não entendemos seu comportamento, como eles se socializam ou como eles se reproduzem."

Em busca de respostas, os pesquisadores coletaram quase 500 espécimes de sapos de museus de todo o mundo que foram achados no México. Então, eles sequenciaram o DNA dos animais e classificaram os pequenos sapos em grupos com base na semelhança de seus genes. Em seguida, criaram modelos 3D dos esqueletos dos anfíbios utilizando tomografia computadorizada, conseguindo fazer comparações de detalhes físicos.

Pesquisador segura a pequena perna do anfíbio Craugastor rubinus (Foto: Jeffrey W Streicher, Museu de História Natural, Londres)

Pesquisador segura a pequena perna do anfíbio Craugastor rubinus (Foto: Jeffrey W Streicher, Museu de História Natural, Londres)

Com isso, a equipe confirmou a existência de novas espécies nunca antes relatadas. "Os sapos do grupo conhecido como Craugastor são muito difíceis de distinguir, então os cientistas suspeitam há muito tempo que mais espécies podem existir. Estamos realmente empolgados por ter descoberto seis novas espécies de Craugastor que são completamente novas para a ciência", afirma Jameson.

Dois dos animais receberam nomes que serviram como homenagem ao habitat mexicano: Craugastor cueyatl significa “sapo” na língua indígena Nahuatl, falada no Vale do México, e Craugastor rubinus faz referência às minas de granada que ficam na encosta onde sapos dessa espécie vivem.

Craugastor cueyatl significa “sapo” na língua indígena Nahuatl falada no Vale do México (Foto: Jeffrey W Streicher, Museu de História Natural, Londres)

Craugastor cueyatl significa “sapo” na língua indígena Nahuatl falada no Vale do México (Foto: Jeffrey W Streicher, Museu de História Natural, Londres)






Os anfíbios recém-descobertos são micro-endêmicos, ou seja, podem ocorrer apenas em uma pequena área, o que os torna vulneráveis. O habitat dos sapos pode ser prejudicado pelas mudanças climáticas e tais criaturas estão ameaçadas por uma doença fúngica mortal, a quitridiomicose, que está matando populações de anfíbios em todo o mundo.

Craugastor rubinus, uma das espécies de sapo encontradas no México  (Foto: Jeffrey W Streicher, Museu de História Natural, Londres)

Craugastor rubinus, uma das espécies de sapo encontradas no México (Foto: Jeffrey W Streicher, Museu de História Natural, Londres)

Os pesquisadores identificaram as principais áreas protegidas no México onde vivem os novos sapos e esperam atuar com o governo e ONGs para conectar esses locais. Jameson acredita que ainda existam muito mais espécies do gênero Craugastor ainda a serem descobertas e ressalta a importância desses seres para o ecossistema da floresta.  "Precisamos garantir que eles não sejam apagados do mapa porque ninguém sabe que eles estão lá”, diz.