• Redação Galileu
Atualizado em
Cientistas medem batimentos de baleia azul pela primeira vez (Foto: Flickr/Creative Commons)

Cientistas medem batimentos de baleia azul pela primeira vez (Foto: Flickr/Creative Commons)

Pela primeira vez, pesquisadores conseguiram medir os batimentos cardíacos de uma baleia azul. A descoberta foi realizada por especialistas da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, e publicada no Proceedings of the National Academy of Sciences. O artigo foi baseado em medições realizadas na área da Baía de Monterey, perto da cidade de São Francisco.

As medições mostraram que, quando a baleia mergulha, sua frequência cardíaca diminui bastante, atingindo uma média de 4 a 8 batimentos por minuto (bpm) — mas pode chegar a apenas 2 bpm. Entretanto, o ritmo aumenta cerca de 2,5 vezes durante as caçadas nas profundezas. Além disso, o bpm também cresce quando ela sobe à superfície em busca de oxigênio — uma média de 25 a 37 bpm.

"Os animais que operam em extremos fisiológicos podem nos ajudar a entender os limites biológicos de seus tamanhos", disse Jeremy Goldbogen, biólogo da equipe, em comunicado. “Eles também podem ser particularmente suscetíveis a mudanças no ambiente que afetem o suprimento de alimentos. Portanto, esses estudos podem ter implicações importantes para a conservação e manejo de espécies ameaçadas, como as baleias azuis.”

Medições mostram que, em repouso, animal chega a ter apenas 2 batimentos a cada minuto (Foto: Reprodução Youtube Stanford)

Medições mostram que, em repouso, animal chega a ter apenas 2 batimentos a cada minuto (Foto: Reprodução Youtube Stanford)

Os pesquisadores acreditam que as diferenças cardíacas sejam causadas por um arco aórtico elástico, que é a parte do coração que move o sangue para o corpo. Nas baleias, esses arcos se contraem lentamente para manter o fluxo sanguíneo ativo entre as batidas do coração. 

Segundo os especialistas, essas medições só foram possíveis graças a um aparelho que desenvolveram nos laboratórios da universidade. "Tivemos que colocar esse equipamento na baleia sem realmente saber se funcionaria ou não", lembrou David Cade, coautor do artigo, em declaração. “A única maneira de fazer isso era tentar. Então fizemos o nosso melhor.”

Aparelho foi colocado e retirado de forma segura, sem ferir o animal (Foto: Reprodução Youtube Stanford)

Aparelho foi colocado e retirado de forma segura, sem ferir o animal (Foto: Reprodução Youtube Stanford)

O aparato é composto por quatro ventosas com eletrodos que, quando presas ao animal, medem seus batimentos cardíacos. O equipamento teve de ser colocado na baleia com a ajuda de um cabo e, depois de um tempo, retirado manualmente por um dos especialistas — é claro, sem ferir o bicho.

“Não tínhamos ideia de que isso funcionaria e estávamos céticos mesmo quando vimos os dados iniciais", apontou Goldbogen. "Com um olhar muito aguçado, Paul Ponganis — nosso colaborador da Scripps Institution of Oceanography — encontrou os primeiros batimentos cardíacos nos dados. Houve muitos 'toca aqui' e 'dancinhas da vitória' no laboratório."

O aparato é composto por quatro ventosas com eletrodos, que, quando presas ao animal, medem seus batimentos cardíacos (Foto: Reprodução Youtube Stanford)

O aparato é composto por quatro ventosas com eletrodos, que, quando presas ao animal, medem seus batimentos cardíacos (Foto: Reprodução Youtube Stanford)

Tendo tudo isso em vista, os pesquisadores acreditam que o coração das baleias funciona em situações limítrofes — e é por isso que esses animais não cresceram mais ainda. Um corpo maior exigiria mais energia, algo que esse tamanho de coração não conseguiria suportar.

Para explorar essa e outras hipóteses os biólogos pretendem aperfeiçoar os equipamentos de pesquisa e realizar outras medições no futuro. "Muito do que fazemos envolve novas tecnologias e muitas delas dependem de novas ideias, novos métodos e novas abordagens", disse Cade. "Estamos sempre procurando ultrapassar os limites de como podemos aprender sobre esses animais."

Aparato tem câmera que permite especialistas monitorarem movimentação da baleia (Foto: Reprodução Youtube Stanford)

Aparato tem câmera que permite especialistas monitorarem movimentação da baleia (Foto: Reprodução Youtube Stanford)