• Redação Galileu
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Crânio de Pestera Muierii 1, mulher que viveu há 35 mil anos na região atual da Romênia  (Foto: Mattias Jakobsson/ Universidade de Uppsal )

Crânio de Pestera Muierii 1, mulher que viveu há 35 mil anos na região atual da Romênia (Foto: Mattias Jakobsson/ Universidade de Uppsal )

O genoma de uma mulher pré-histórica que viveu na atual Romênia, há 35 mil anos, foi sequenciado em uma pesquisa, liderada por especialistas da Universidade de Uppsala, na Suécia. Os resultados foram publicados no jornal acadêmico Current Biology, em 18 de maio.

A diversidade genética da mulher foi estudada a partir do crânio dela, que é conhecida pelo nome de Peştera Muierii 1. Seu genoma indica que a migração para fora da África não foi o grande gargalo genético do desenvolvimento humano, mas sim o período durante e após a Idade do Gelo mais recente.

A teoria do gargalo, que é a mais aceita até então, prevê que, há 80 mil anos, ao emigrar do continente africano, o ser humano perdeu variações genéticas conforme foi se espalhando por outros continentes.

Todavia, o genoma de Peştera Muierii 1 traz indícios de que esse não foi o caso. Se a equipe de pesquisa estiver correta, a queda de variações genéticas está relacionada na verdade às condições difíceis de sobrevivência durante as alterações climáticas da Idade do Gelo que terminou há cerca de 10 mil anos.

Pesquisadora Emma Svensson estuda o crânio de Peştera Muierii 1 (Foto: Mattias Jakobsson/ Universidade de Uppsala)

Pesquisadora Emma Svensson estuda o crânio de Peştera Muierii 1 (Foto: Mattias Jakobsson/ Universidade de Uppsala)

Em comunicado, Mattias Jakobsson, líder do estudo, conta que a mulher era um pouco mais parecida com europeus modernos do que com indivíduos que viveram na Europa 5 mil anos antes dela.

Todavia, segundo ele, "podemos ver que ela não é uma ancestral direta dos europeus modernos", mas "uma antecessora dos caçadores-coletores que viveram na Europa até o final da última Idade do Gelo". 

Para chegarem nessa conclusão, os pesquisadores resgataram dados da variação genética na Europa nos últimos 35 mil anos. A variedade encontrada até então era menor em populações fora da África, mas Peştera Muierii 1 surpreendeu, pois tinha alta diversidade em termos genéticos.

“Peştera Muierii 1 tem muito mais diversidade genética do que o esperado para a Europa neste momento. Isso mostra que a variação genética fora da África era considerável até a última Idade do Gelo, e que a Idade do Gelo causou a diminuição da diversidade em humanos fora da África”, explica Jakobsson.

Crânio de Peştera Muierii 1 revelou que a mulher pré-histórica tinha mais variações genéticas do que o esperado (Foto: Mattias Jakobsson/ Universidade de Uppsala)

Crânio de Peştera Muierii 1 revelou que a mulher pré-histórica tinha mais variações genéticas do que o esperado (Foto: Mattias Jakobsson/ Universidade de Uppsala)