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Arqueólogos descobrem templo indiano liderado por mulher há mil anos (Foto: Reprodução Facebook/Excavation at Lal Pahari)

Arqueólogos descobrem templo indiano liderado por mulher há mil anos (Foto: Reprodução Facebook/Excavation at Lal Pahari)

Escavações em Bihar, estado no leste da Índia, levaram arqueólogos a desvendar os resquícios de um monastério budista Mahayana datado do século 11 ou 12. Embora a região seja famosa por esse tipo de descoberta, o centro religioso é curioso por diversos motivos — entre eles o fato de ter sido liderado por uma mulher.

Segundo o jornal Times of India, é o primeiro monastério budista encontrado liderado por uma monja, cujo nome era Vijayashree Bhadra. Ao contrário da maioria dos mosteiros budistas, todas as celas tinham portas, o que sugere que os monges eram todos do sexo feminino ou que homens e mulheres viviam ali juntos. Dois selos de argila queimada com escrita sânscrita do século 8 ou 9 indicam que o nome do mosteiro era "O Conselho dos Monges de Śrīmaddhama vihāra".

A arquitetura do lugar também chamou atenção dos estudiosos. De acordo com o jornal Hindustan Times, a estrutura do mosteiro é inédita em um local de altitude na região de Bihar. “Monastérios foram descobertos em muitos locais dessa área, mas essa é a primeira construção no topo de uma colina”, disse à publicação o arqueólogo Anil Kumar, líder do estudo e pesquisador da Universidade Visva Bharati. Segundo ele, a escolha do local provavelmente tinha como intenção se afastar das atividades humanas para praticar os rituais Mahayana. 

Mosteiro budista está situado no topo de uma colina na região de Bihar, no leste da Índia (Foto: Reprodução Facebook/Excavation at Lal Pahari)

Mosteiro budista está situado no topo de uma colina na região de Bihar, no leste da Índia (Foto: Reprodução Facebook/Excavation at Lal Pahari)

A equipe também descobriu um elemento arquitetônico na entrada da câmara principal do monastério que se refere a dois bodhisattvas, figuras do budismo que atrasam a iluminação pessoal a fim de oferecer a salvação aos adoradores presos à terra: Manjushri, que representa a sabedoria suprema, e Avalokiteshvara, que personifica a compaixão .

De acordo com Kumar, a região onde o templo se encontra funcionava como centro administrativo do Império Pala, cuja rainha era Mallika Devi. O arqueólogo explicou ao Hindustan Times que a área era conhecida como Krimila, nome também é mencionado na literatura budista.

A dinastia Pala governou Bihar e Bengala, hoje dois estados indianos, entre os séculos 8 e 12. Os líderes do império apoiavam instituições budistas e, segundo os pesquisadores, enviaram missionários para propagar a religião no Tibete.

Resquícios do mosteiro liderado por monja em Bihar, na Índia (Foto: Reprodução Facebook/Excavation at Lal Pahari)

Resquícios do mosteiro liderado por monja em Bihar, na Índia (Foto: Reprodução Facebook/Excavation at Lal Pahari)

O budismo Mahayana cresceu na Índia há cerca de 2 mil anos e se tornou a religião dominante na Ásia Central e Oriental a partir do século 9. De acordo com a enciclopédia Britannica, a corrente é caracterizada por cosmologia grandiosa, ritualismo complexo, metafísica paradoxal e valores éticos universais.