Após ser diagnosticado com linfoma de Hodgkin, um tipo de câncer que se origina no sistema linfático, Peter Hickles, na época com 21 anos, optou por congelar seu esperma em 5 de junho de 1996. Depois de 26 anos, ele, que mora na Inglaterra, e sua noiva, Aurelija, de 32 anos, puderam dar as boas-vindas ao pequeno Kai, que veio ao mundo a partir do esperma congelado do pai. O bebê nasceu no dia 20 de outubro de 2022, informou o The Sun.
“Eu continuo olhando para ele balançando a cabeça em descrença. Ele realmente é um pequeno milagre”, disse Peter, que hoje tem 47 anos. “O fato de que ele estava basicamente pronto um pouco antes da Euro 96 e nasceu antes da Copa do Mundo é incrível”, relatou o pai. “É incrível pensar que ele esteve congelado todo esse tempo”, acrescentou.
![Bebê nasce de esperma congelado há 26 anos — Foto: Reprodução The Sun/Louis Wood](https://cdn.statically.io/img/s2-crescer.glbimg.com/6UBNyuxr1hC6NAEh38patjxqABs=/0x0:607x385/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_19863d4200d245c3a2ff5b383f548bb6/internal_photos/bs/2022/o/n/FFpKAGSFuyPOKa5ldYPw/bebe-nasce-de-esperma-congelado.png)
Quando começou a sentir os primeiros sintomas da doença, Peter estava jogando em um time de futebol e, a princípio, os médicos pensaram que ele tinha uma artrite reumatóide. Duas semanas depois de ele viajar para a Austrália de férias, os especialistas encontraram um tumor em suas costas, causado pelo linfoma de Hodgkin.
Antes de iniciar o tratamento de quimioterapia, Peter foi orientado a congelar seu esperma. “Nunca vou esquecer – tive que entregar o potinho de plástico na recepção”, recordou. “Eu tive que esperar por uma hora enquanto eles verificavam a qualidade, então eu tomei algumas cervejas e, quando voltei, eles disseram que estava tudo bem”, completou.
Após a quimioterapia, o tratamento acabou impactando a fertilidade de Peter. E, por isso, ele recorreu a um tratamento de fertilização para realizar o sonho de ser pai. No início, ele pensou que sua amostra teria uma vida útil de apenas 10 anos. Mas, os avanços da medicina permitiram que os médicos pudessem melhorar a viabilidade do material.
Quando Peter conheceu Aurelija, os dois decidiram que queriam ter um filho. “Sabíamos que seria difícil. Eu sou incrivelmente sortudo por tê-la”, afirmou. “Felizmente, a amostra de esperma foi considerada viável, então decidimos tentar a fertilização in vitro”, acrescentou.
Kai foi concebido depois que o casal pagou 30 mil libras (cerca de R$ 185 mil) pelo tratamento de fertilização in vitro. Os médicos recuperaram a amostra de esperma de Peter que havia sido mantida em um freezer no University College Hospital, em Londres, na Inglaterra.
Administrador de uma empresa de paisagismo e pavimentação perto de sua casa em Essex, na Inglaterra, Peter disse: “Não acredito que ele chegou agora. Eu sou um pai tão sortudo", declarou. O empresário afirmou que ainda resta um pouco de seu esperma para ser usado caso ele e sua noiva queiram dar um irmão ou irmã para Kai. “É uma ponte que ainda não atravessamos. Kai tem apenas alguns dias. Vamos ver o que acontece na Copa do Mundo primeiro”, revelou.
Em outubro de 2020, a pequena Molly Everette Gibson também fez história após nascer de um embrião que foi congelado há 27 anos. Segundo informações da ABC News, a transferência do embrião para o útero da mãe foi realizada em fevereiro de 2020 e a pequena nasceu em 26 de outubro desse mesmo ano, em Tennessee (EUA).
Entenda o que são os linfomas
Atacam células do sistema imunológico, conhecidas como linfócitos. Podem afetar amígdalas, timo e medula óssea, por exemplo. Os principais tipos de linfomas são os de Hodgkin e os não Hodgkin. As chances de cura podem superar a casa dos 80%, mas isso depende do tipo de linfoma e do estágio em que foi diagnosticado.
Na infância, os principais sintomas são perda de peso, febre, cansaço exagerado, inchaço na barriga e nódulos no pescoço, na axila ou na virilha. Para o diagnóstico, é preciso fazer exames físicos e uma biópsia para confirmar a suspeita, após o surgimento dos primeiros sinais da enfermidade. A quimioterapia é o principal protocolo para o tratamento, porque a medicação é capaz de atingir todas as partes do corpo e "matar" as células cancerígenas onde quer que elas estejam. Outros tipos de intervenção, como cirurgias e transplante de células-tronco, só são usados em casos específicos.
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