Saúde
 
Por , Com Agência Fapesp


A depressão é uma das doenças mais preocupantes no mundo atual. Em meio às pressões sociais, as pessoas estão cada vez mais vulneráveis a esse tipo de quadro, principalmente as mães que precisam ainda lidar com a sobrecarga materna. No entanto, uma técnica milenar chinesa pode ser uma aliada para reduzir os sintomas da doença. É o que aponta um estudo realizado por pesquisadores da Universidade do Sul de Santa Catarina e da Universidade de São Paulo. O trabalho apontou que 58% dos pacientes com depressão relataram melhora significativa após tratamento com acupuntura auricular.

Os resultados do estudo foram divulgados no jornal acadêmico JAMA Network Open, em novembro do ano passado. Por três meses, os pesquisadores acompanharam 74 pacientes submetidos a 12 sessões de 15 minutos cada e observaram remissão de sintomas. A acupuntura auricular é recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e já é oferecida como prática integrativa pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2006.

 A prevalência da depressão ao longo da vida está entre as mais altas — Foto:  (Foto: Pexels)
A prevalência da depressão ao longo da vida está entre as mais altas — Foto: (Foto: Pexels)

Diante dos novos achados, os pesquisadores reforçam o potencial desse tipo de terapia como tratamento complementar de um problema que motiva cada vez mais atendimentos na rede pública, de acordo com dados do Ministério da Saúde. A depressão é uma das principais causas de incapacidade em todo o mundo, segundo a OMS. No Brasil, a prevalência ao longo da vida está entre as mais altas: em torno de 15,5%. A doença é responsável ainda por 10,3% dos anos de vida perdidos — conceito utilizado para quantificar o número de anos de vida que uma população deixa de viver em caso de morte prematura.

Os casos de depressão estão aumentando, mas ainda há um longo caminho para tornar os tratamentos acessíveis. Menos da metade das pessoas afetadas no mundo recebe o tratamento considerado adequado, com psicoterapia e medicamentos – em alguns países, esse número é de menos de 10% –, por conta de entraves como alto custo e efeitos colaterais (por exemplo, desconforto gástrico e alteração na libido decorrentes do uso de fármacos).

Por isso, há um aumento dos interesses por opções mais baratas e não farmacológicas – nos Estados Unidos, um terço da população é adepta dessas alternativas. É o caso da acupuntura auricular, técnica milenar chinesa que utiliza agulhas de preço acessível – para ter uma ideia, a cartela com 50 unidades, número suficiente para dez sessões, custa menos de R$ 10 – para estimular nervos do pavilhão auricular, principalmente o vago, e ativar áreas do cérebro ligadas à depressão. A sessão dura de cinco a 15 minutos.

Como o estudo foi feito?

Financiado pela Fapesp, o estudo acompanhou entre março e julho de 2023, 74 pacientes com depressão moderada ou moderadamente grave (de acordo com pontuação no Patient Health Questionnaire-9, um questionário usado no diagnóstico, e sem aplicação prévia de acupuntura auricular ou risco de ideação suicida) submetidos a 12 sessões de 15 minutos cada durante seis semanas.

Com idade média de 29 anos, os participantes em sua maioria, mulheres, foram divididos em dois grupos de 37 pessoas cada: enquanto o primeiro passou por acupuntura auricular específica, estimulando seis pontos no pavilhão auricular correspondentes ao diagnóstico de depressão pela medicina tradicional chinesa (Shenmen, subcórtex, coração, pulmão, fígado e rim), o segundo recebeu aplicações em áreas não associadas a sintomas de saúde mental – orelha externa, bochecha, face e quatro pontos da hélice (porção superior da orelha externa). Por questões éticas, todos os pacientes continuaram com seus tratamentos habituais. A eficácia e a segurança da terapia foram avaliadas em quatro semanas, seis semanas e três meses.

Após o estudo, 58% dos pacientes do primeiro grupo (acupuntura auricular específica) apresentaram melhora de pelo menos 50% nos sintomas depressivos. Esse número foi de 43% no segundo grupo (aplicações em áreas não associadas a sintomas de saúde mental), o que não indica uma diferença estatisticamente significativa. No entanto, após quatro semanas do início das aplicações, mais pacientes tratados com terapia auricular específica tiveram recuperação e remissão da doença e, após três meses, essa proporção foi ainda mais relevante. “Nossos resultados mostram que a acupuntura auricular específica para depressão recuperou quase 60% das pessoas, número semelhante à taxa de medicamentos, de acordo com outros estudos publicados sobre o tema”, diz Daniel Maurício de Oliveira Rodrigues, professor de naturologia da Unisul e primeiro autor do estudo. “Além disso, 46% desses participantes relataram não sentir mais sintomas, em contraste com 13% do grupo que passou pela técnica não específica – para efeitos de comparação, essa taxa gira em torno de 35% para fármacos.”

Os pesquisadores também não observaram sintomas adversos severos nos participantes, sem diferenças significativas entre os grupos. A maioria dos entrevistados (94% no grupo de acupuntura auricular específica e 91% no grupo da prática genérica) relatou apenas dor leve no local de aplicação da agulha. “Isso evidencia a segurança da intervenção por mais de seis semanas”, afirma Rodrigues.

Para os pesquisadores, os resultados do estudo são muito importantes, uma vez que as pessoas estão cada vez mais lidando com problemas de saúde mental. “Vivemos uma verdadeira epidemia de transtornos de humor – acredito que nunca estivemos tão ansiosos e deprimidos como neste pós-covid– e a aceitação do padrão-ouro de tratamento está longe de ser a ideal”, afirma Alexandre Faisal Cury, pesquisador do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina (FM-USP). “Na prática clínica, nos deparamos com pacientes com depressão crônica, que tomam remédios há muito tempo, com efeitos colaterais e recaídas, e precisamos de opções complementares que tragam benefícios comprovados.”

Faisal ainda destaca as três principais repercussões do estudo: para o SUS, trata-se da validação de uma técnica já amplamente utilizada (é a prática integrativa mais realizada no sistema público); para o paciente, uma opção segura a mais no tratamento de saúde mental; e, para o profissional de saúde, a desestigmatização de uma terapia não alopática. Embora os resultados sejam animadores, os pesquisadores lembram que, para investigar melhor a eficácia da acupuntura auricular no tratamento da depressão, são necessários estudos mais prolongados e com maior número de participantes, uma das principais limitações do trabalho atual. “Acredito que a participação de mais pessoas traria resultados ainda mais favoráveis à intervenção”, declara o pesquisador.

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