Comportamento

Por Crescer Online


Cada vez mais crianças e adolescentes estão pensando em tirar a própria vida. Um estudo publicado nesta segunda-feira (14), na revista científica Pediatrics, observou que, nos últimos anos, aumentou o número de jovens de 5 a 19 anos que dão entrada em hospitais por causa de pensamentos suicidas.

“Muitas pessoas falaram sobre problemas de saúde mental na juventude durante a pandemia, mas isso já estava acontecendo mesmo antes da covid-19. Isso tem sido um problema há muito tempo e só está piorando”, disse Audrey Brewer, uma das autoras do estudo.

Como está a saúde mental das crianças na pandemia? — Foto: Crescer
Como está a saúde mental das crianças na pandemia? — Foto: Crescer

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram prontuário médicos de 2016 a 2021, registrados em hospitais do estado americano de Illinois. Os resultados mostraram que, nesse período, a quantidade de jovens que dão entrada no sistema de saúde com ideações suicidas aumentou 59%. “A ideação suicida pode ser pensada como dois tipos: pensar ativamente sobre suicídio ou ter pensamentos, mas não ter um plano”, disse Brewer.

Questão de saúde pública

Ainda que o estudo tenha focado em uma região específica, os autores dizem que ele representa uma tendência global. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, apenas no Brasil, acontecem 12 mil casos de suicídio por ano. No mundo, esse número salta para quase 800 mil. E os adolescentes e jovens representam uma grande parcela desse total: o suicídio é a segunda maior causa de morte entre a população de 15 a 29 anos.

"Adolescentes estão gritando, alguns pela voz, alguns pelo silêncio, outros pelas marcas no corpo... E nós precisamos ouvi-los. O trabalho de prevenção ao suicídio precisa ser amplo, numa perspectiva intersetorial e multidisciplinar", diz a psicóloga de adolescentes Estela Ramires Lourenço, especialista em Intervenção na Autolesão, Prevenção e Posvenção do Suicídio (SP).

O cenário, que já era preocupante, se agravou depois da pandemia e do isolamento social. Uma pesquisa do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos revelou que as tentativas de suicídio aumentaram 50% entre jovens de 12 a 17 anos, especialmente entre as meninas.

"Quando comparado aos anos anteriores, o aumento de casos de suicídio entre crianças e principalmente adolescentes é muito evidente. Um estudo americano com 19 mil adolescentes em 2020, evidenciou que 15,8% tiveram ideações suicidas — representando um aumento de 60% em relação a 2019 —, inclusive com aumento de 45% nas tentativas de suicídio. Nos Estados Unidos, onde o ato de tirar a própria vida é a segunda maior causa de morte nesta faixa etária, a chance de um adolescente cometer suicídio chega a ser 30 vezes maior do que a chance de morrer de covid-19. No Brasil, apesar de poucos estudos e estatísticas, estima-se que esta chance chega a ser 4 vezes maior", observa o pediatra Rubens Cat, professor da Universidade Federal do Paraná e chefe do Departamento de Pediatria do Hospital das Clínicas, em Curitiba (PR).

O que está por trás do suicídio de crianças e adolescentes

Quando ouvimos falar em um caso de alguém que escolheu tirar a própria vida, muitas dúvidas vêm à nossa mente. Ficamos nos perguntando o por quê de a pessoa ter tomado essa decisão, o que poderia ter sido feito para evitar, quanto ela estava sofrendo para chegar a esse ponto, que outras alternativas poderia ter escolhido... Acontece que, nem sempre, essas são perguntas fáceis de se responder. Há muitos fatores em jogo quando falamos em suicídio. Não existem respostas prontas e nem verdades absolutas: cada caso é um caso.

"O suicídio é a linha final de uma série de situações, de acontecimentos que a pessoa foi experimentando ao longo da vida. Quando pensamos nos fatores de risco na adolescência, especificamente, é importante pensar em várias outras questões, como prevenção de bullying, respeito às diferenças, criação de um ambiente acolhedor, a participação da família, políticas públicas...", explica a psicóloga Estela Lourenço.

Em outras palavras, não dá para encontrar uma só resposta que explique o porquê de tantos casos de suicídio entre adolescentes. É preciso pensar individualmente e avaliar a história da vida, a relação familiar, as experiências passadas, as amizades, a presença online, a relação com escola... "A adolescência é uma fase de muita alteração de humor e, além das questões hormonais, tem ainda a questão emocional, que está diretamente relacionada à aceitação. Quando o adolescente chega em casa e sente que não foi ouvido, ele se desespera, pois acha que não é bom o suficiente para estar naquele ambiente", diz a psicanalista de crianças, adolescentes e mães Mônica Pessanha, colunista da CRESCER.

Atenção os sinais

Como dissemos, o suícidio é apenas a última instância de um longo sofrimento psíquico. Antes dele, outros sinais costumam aparecer e dar pistas para familiares e amigos de que algo não vai bem. Um estudo da American Psychological Association mostrou que, para cada jovem que morre por suicídio, estima-se que mais 100 a 200 tenham tentado o suicídio também e mais pelo menos 1000 já tenham pensado sobre essa possibilidade.

Os números mostram que o pensamento suicida entre crianças e adolescentes pode estar mais perto do que imaginamos. Nosso papel, enquanto pais, é observar os sinais de alerta, promover um ambiente de acolhimento e buscar ajuda. "Crianças sempre dão sinais de que algo não vai bem. Fique atento se ela disser que quer desistir de alguma coisa, se tinha um hobbie e não quer mais ter, se fica irritadiça por um tempo prolongado. Uma mudança de hábitos alimentares, seja comer demais ou de menos, também é um alerta. Preste atenção também se o seu filho evita certos lugares, se muda de amizades muitas vezes, se passa muito tempo trancada no quarto, imersa no computador, ou se só usa roupas compridas, com mangas longas. Essa é uma forma de esconder cortes e lesões. É comum que os adultos não deem atenção aos dilemas emocionais dos filhos por acharem que é 'coisa de criança'", afirma Robert Paris, presidente do Centro de Valorização da Vida (CVV).

Se desconfiar de que seu filho precise de ajuda, não hesite em procurar apoio profissional e especializado. "É o acolhimento que salva, que faz com que a criança se desenvolva e não se sinta sozinha. E o contrário também é verdadeiro. Quanto mais só, mais perdida e desamparada a criança fica, mais ela vai entrar em um nevoeiro perigoso. Mostre que você sabe ouvir qualquer coisa. Diga ao seu filho: 'quero ouvir', 'eu quero te escutar', finaliza Robert.

Onde buscar ajuda

Se você estiver passando por um momento difícil e precisar de ajuda imediata, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV). Ele é um serviço gratuito de apoio e de prevenção ao suicídio que atende pessoas que precisam conversar. Para falar com a equipe de voluntários, mande um e-mail, acesse o chat pelo site ou disque 188. Eles ficam disponíveis de domingo a domingo, 24 horas por dia.

O CVV, em parceria com a UNICEF, também tem um canal de escuta exclusivo para adolescentes de 13 a 24 anos. Todo o processo é anônimo e, para usar, não é preciso se identificar. O "Pode Falar" existe para acolher adolescentes que sentem que precisam de ajuda e queiram conversar. Isso pode ser feito pelo chat online ou pelo WhatsApp. É preciso checar os horários de atendimento no site.

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