A família se prepara para velar o corpo da gêmea Agnes, de 6 meses, que morreu afogada depois de o barco virar durante o resgate da família no dia 4 de maio. Foi no bairro Harmonia, em Canoas, no Rio Grande do Sul. Desde então, os pais buscavam pela filha desesperadamente. Neste domingo (12), Dia das Mães, Gabrielli foi chamada pela perícia. "Ligaram e disseram que possivelmente acharam um corpo, e pediram para eu fazer a coleta para o exame de DNA. Mas eles disseram que, se eu quisesse, poderia fazer o reconhecimento, e eu falei que queria. Mas, para eu não me traumatizar ainda mais, sugeriram fazer por foto. Eles trouxeram a foto para mim e, só de olhar uma partezinha, eu vi que era ela", contou a mãe ao influenciador digital Paulo Bonavides, em uma live com o influenciador Paulo Bonavides, nas redes sociais.
"Só o que eu vi, vai marcar para o resto da minha vida. Não era mais a minha filha, o rosto não deu para reconhecer", lamentou. "Eu me culpo, sei que não devo fazer isso. Não tenho palavras para descrever o que estou sentindo. Quero abraços nesse momento, preciso de compreensão, de alguém para conversar, pois tenho medo de não aguentar. Tenho mais três filhos e preciso ser forte, preciso continuar por eles", continuou. "Essa dor, esse vazio vai ficar pra sempre, mas vou ser forte por ela", completou.
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Nesta segunda-feira (13), Ágata, a gêmea de Agnes, e a filha mais velha de Gabrielli receberiam alta hospitalar, mas a mãe pediu para adiar um dia por conta do velório. As duas tiveram complicações por conta da enchente. "Eu queria fazer algo grandioso para Agnes: camisetas, flores, balões brancos — uma coisa bem bonita para ela se sentir especial lá de cima", disse ela, que está em um abrigo temporário desde que a enchente invadiu sua casa.
"Quando acabar o velório, a gente não sabe para onde vai. Precisamos de um lugar para levar elas. Ágata estava na UTI. Estou procurando casa para alugar, mas, em Canoas, está muito difícil", afirmou. A mãe revelou que Ágata também se afogou, mas foi resgatada, reanimada e levada ao hospital. "Ela é uma guerreira, teve três paradas cardíacas, ficou entubada, em coma induzido por três dias, e agora já está de alta", comemorou. Já a primogênita teve sintomas em decorrência do contato com a água contaminada da enchente.
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Sobre o dia do resgate
Em entrevista à CRESCER, a mãe detalhou o incidente. "Moro no segundo andar e, quando saímos, estava muito escuro e a água estava entrando lá em cima já. Nosso barco virou e todos nós nos afogamos. Tinha mais ou menos 14 pessoas — meus quatro filhos caíram na água, incluindo minhas gêmeas de 6 meses. Tentei me segurar com as unhas no barco para não afundar com ele, mas engolimos muita água com gasolina e óleo do motor. Na mesma hora, outros três barcos chegaram para ajudar. Uma das minhas gêmeas, Ágata, foi pega desacordada, porém, o bombeiro a reanimou e correu com ela para o hospital. Achei meus outros dois filhos e garantiram que haviam pego também as duas bebês — na hora, eu gritava que eram duas. Perdemos a noção do tempo e horário de tudo", disse.
"Eu gritava que eram gêmeas, que eram duas, e eles falaram, na hora, que pegaram as duas, só não sabem para onde foi", disse ela sobre o resgate. "Meu menino de 2 anos, que não fala quase nada, aprendeu a falar 'socorro' de tanto que a gente gritava", completou. "Me culpo por ter deixado elas no colo de outras pessoas no barco, mas eu estava já com meu menino de 2 anos nos braços", lamentou.
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