Nenhuma gravidez é igual a outra. Ainda que o segundo bebê seja filho do mesmo pai e da mesma mãe, viva na mesma casa, tenha exatamente os mesmos cuidados médicos… A situação é diferente e as pessoas reagem de maneiras diversas, o que, nem sempre é fácil de compreender. Além de tudo, em uma segunda gestação, você tem um outro ser humano para cuidar, seu filho mais velho, e as expectativas não são tão idealizadas assim.
Uma mãe, que preferiu não revelar sua identidade, escreveu ao site MamaMia, um relato sincero sobre as emoções difíceis que sentiu em sua segunda gravidez, quando ela não recebeu tanto apoio e celebração quanto na primeira.
“Estou na metade da minha segunda gravidez e nunca tinha me sentido sozinha de verdade, até agora”, começa ela. “Embora eu não esperasse a emoção do 'nível de sol e arco-íris' que senti na primeira, não esperava estar aqui, digitando essas palavras, enquanto as lágrimas rolam pelo meu rosto. Fiquei absolutamente surpresa com a maneira como minhas duas gestações puderam ser tão diferentes - e olha que tive meu primeiro bebê durante a pandemia de covid, em 2020”, ressalta.
A mãe explica que sempre teve uma boa rede de apoio, de amigos e familiares, e que, além disso, é muito feliz na própria companhia. “No entanto, esta segunda gravidez tão especial, que, provavelmente, também será a minha última, não parece ser tão especial para as pessoas próximas a mim, deixando-me sozinha e isolada”, lamenta.
Soma-se a isso, segundo ela, o fato de que, na primeira gravidez, ela se sentiu bem e disposta, na maior parte do tempo e, desta vez, ficou mais enjoada, mais desconfortável e com um humor pior. Ela conta que não quer ser mimada, mas que espera um pouco mais de atenção. “Se uma mulher não se sente amada e cuidada enquanto cria outro ser humano, então quando ela pode ser?”, questiona.
No texto, ela relata que lutou para sobreviver ao primeiro trimestre, em meio às náuseas e ao cansaço e que, ainda assim, algumas pessoas da família a cobravam de não dar a eles tempo suficiente. Amigos que perguntavam por ela e sempre entravam em contato para ver se estava tudo bem na primeira gravidez acharam que, desta vez, não seria necessário. Para os poucos que entraram em contato para perguntar como ela estava, ela respondeu que não estava muito bem. Ainda assim, recebeu respostas curtas, como: "Tenho certeza de que tudo valerá a pena".
“E meu marido, que é um pai muito prático para nossa filha pequena, o principal provedor da nossa família, trabalhando longas horas. Eu sei que ele deseja ativamente este bebê, mas não tem tempo para demonstrar isso. Parte meu coração dizer que ele está muito menos envolvido desta vez. Frequentou menos consultas comigo, tocou minha barriga crescente com menos admiração, me abraçou menos quando as ondas hormonais de emoção rolaram sobre mim”, relata.
“Mas a constatação mais triste de tudo isso é que uma parte de mim sente que não posso reclamar. Porque onde eu estava quando minhas muitas amigas estavam grávidas de seu segundo ou terceiro bebê? Também não posso ter certeza de que eu estive lá por elas. Não posso ter certeza de que não presumi que elas estavam enfrentando bem porque, como eu, ‘elas já passaram por isso antes’", reconhece.
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Ela explica que seu objetivo não é fazer com que as pessoas sintam pena dela, mas uma percepção de que, talvez, seja necessário “abandonar o conceito de aldeia”, lembrando que o pós-parto pode ser ainda mais solitário do que a gravidez.
“A fase da vida em que estou significa que a maioria dos meus colegas não está apenas lidando com o estresse da paternidade, mas talvez também com o estresse financeiro, familiar e de saúde mental. Felizmente, há um punhado de anjos que cuidaram de nós incondicionalmente durante esse período e, por isso, sou muito grata. Agora tenho a consciência de retribuir o favor quando sair da névoa da gravidez”, promete.
No final, ela tira algo positivo de toda a situação. “Mas, acima de tudo, um dia mostrarei este novo bebê para minha maior fã - meu querido filho que está maravilhado com minha barriga crescendo e me dá todos os beijos, abraços e todos os ‘Você está bem, mamãe?’, que são as perguntas que eu realmente deveria precisar”, aponta. “Quão sortuda eu sou por conseguir outro como ele para abraçar e amar em apenas alguns meses?”, finaliza.
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