Um caso de sarampo foi confirmado no município de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs). O alerta, emitido na última quinta-feira (25), informou que o paciente é um menino de 3 anos não vacinado, que veio do Paquistão e desembarcou no Brasil no dia 26 de dezembro. Vale lembrar que, no Rio Grande do Sul, os últimos casos confirmados de sarampo foram registrados em abril de 2020.
Diante do quadro, a Secretaria da Saúde reforçou a recomendação de aplicação da vacina tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba), oferecida gratuitamente pelo Sistema Único pelo Sistema Único de Saúde (SUS) à população a partir de 1 ano e até os 59 anos, de acordo com o calendário nacional de vacinação.
![Foto ilustrativa: Caso de sarampo é identificado no RS — Foto: Crescer](https://cdn.statically.io/img/s2-crescer.glbimg.com/8sgp6OM1QUbXwjzmp466O79bCxo=/0x0:620x480/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_19863d4200d245c3a2ff5b383f548bb6/internal_photos/bs/2022/w/O/uB1wfcR2m4Z58mOEHxFw/2020-02-17-sarampo.jpeg)
O menino pousou nos aeroportos de São Paulo e Porto Alegre e depois seguiu para o município de Rio Grande. Durante o deslocamento, segundo o Cevs, a criança não estava no período de transmissibilidade para a doença e só procurou atendimento com dor abdominal e febre no dia 2 de janeiro, ficando hospitalizada e em isolamento até o dia 15 de janeiro. Após a realização de exames de sorologia do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) do Rio Grande do Sul e de biologia molecular pela Fiocruz, no Rio de Janeiro, a infecção por sarampo foi confirmada.
Como medida de proteção, a Secretaria de Saúde realizou o bloqueio vacinal [imunização da comunidade] nos familiares, vizinhos e profissionais da saúde. Felizmente, a criança está bem e seus familiares não apresentaram sintomas. O município segue monitorando atendimentos por febre, exantema [manchas vermelhas], tosse, coriza ou conjuntivite, porém, até o momento, nenhuma ocorrência foi relatada. Segundo a pasta, trata-se de um caso sem cadeia de transmissão associada. “A ação mais importante para a proteção de todos certamente é a vacinação”, ressaltou a diretora do Cevs, Tani Ranieri.
Renato Kfouri, pediatra infectologista, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e colunista da CRESCER, destacou a importância do papel do Centro Estadual de Vigilância em Saúde que, imediatamente, fez a identificação do caso e isolamento da criança. O especialista ainda reforçou que, embora não haja transmissão do vírus no território brasileiro, esse alerta é essencial, pois há um aumento expressivo de casos de sarampo ao redor do mundo.
Nas últimas semanas, vários países, como o México, Estados Unidos, Reino Unido e Portugal, emitiram alertas de casos. Na Argentina, foi confirmado a detecção do vírus do sarampo em uma criança de 19 meses, que faleceu na província de Salta, informou o Ministério da Saúde local, na última terça-feira (23). No Brasil, os últimos casos confirmados foram em 2022 no Rio de Janeiro, Pará, Amapá e São Paulo.
A partir desse cenário, é possível perceber que o sarampo ainda é uma ameaça para muitas regiões do mundo, por isso, a prevenção é a maior aliada para se proteger das infecções. "Precisamos fazer nossa lição de casa e manter as coberturas vacinais elevadas, evitando que os casos que entrem no Brasil se transformem novamente em novos surtos", ressalta o especialista.
Vacina contra o sarampo
A vacina contra essa doença é composta de vírus atenuados e é administrada por via subcutânea. No SUS, a criança recebe a primeira dose com 1 ano, junto com imunizantes contra caxumba e rubéola, combinados na vacina tríplice viral. A segunda dose é realizada aos 15 meses, desta vez, além da caxumba e rubéola, é administrada também, na mesma injeção, a vacina contra a varicela (catapora), a tetra viral. Em clínicas particulares, as duas doses são da tetra viral.
Na carteira de vacinação de quem tem entre 15 meses e 29 anos devem constar duas doses da vacina e, para quem tem entre 30 e 59 anos, uma dose. Quem não as recebeu deve ir a um posto de saúde completar o quadro vacinal. Vale lembrar que em situação de risco para o sarampo, a primeira dose pode ser aplicada a partir dos 6 meses. Neste caso, a dose é chamada de "zero" e não conta para o esquema vacinal.
Histórico do sarampo no Brasil
Depois de ter recebido a certificação de país livre do sarampo pela Organização Pan-americana de Saúde (Opas), em 2016, o Brasil passou a registrar novos casos da doença. O país chegou a acumular mais de 40 mil casos de sarampo a partir de 2017, devido a surtos regionais, perdendo a certificação em 2019. Até 2022, havia quatro estados endêmicos: Amapá, Pará, Rio de Janeiro e São Paulo, mas desde junho de 2022 não há registros de novas ocorrências.
Em novembro, o Brasil conquistou um novo status em relação à eliminação do sarampo. A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) classificou o país como pendente de verificação para sarampo, indicando que a transmissão endêmica do vírus foi interrompida. No entanto, os dados ainda não foram suficientes para recertificar o país como livre da doença, mas o Brasil já está submetendo seus indicadores para a OPAS e os especialistas estão confiantes na reverificação da certificação em breve.
Transmissão do sarampo
O sarampo é altamente transmissível e se propaga no ar por meio de gotículas expelidas por pessoas infectadas ao tossir, espirrar ou falar. O vírus não morre imediatamente ao deixar o organismo e é capaz de permanecer no ar ou em alguma superfície por um tempo, o que possibilita a transmissão da doença mesmo quando não há contato direto entre os indivíduos.
Além disso, o vírus tem uma janela relativamente longa de transmissão. Uma pessoa infectada começa a transmitir a doença entre quatro e cinco dias antes do início dos sintomas e para de transmitir, em média, entre quatro e cinco dias depois do aparecimento das manchas no corpo. Estima-se que uma pessoa com sarampo passe o vírus para outras 16 em populações não vacinadas.
Os principais sintomas são:
- Febre acompanhada de tosse
- Irritação nos olhos
- Nariz escorrendo ou entupido
- Mal-estar intenso
- Manchas vermelhas pelo corpo