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Gravidez

Mais de 200 grávidas e puérperas já morreram de covid no Brasil

Segundo estudo, até o momento, o Brasil concentra a maioria das mortes de grávidas e puérperas por covid-19. Entenda

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Sabrina Ongaratto, do Home Office
Gestantes precisam fazer um pré-natal adequado para evitar que a sífilis atinja o bebê (Foto: Banco de imagens)

Há poucos dias, um estudo brasileiro publicado no jornal científico International Journal of Gynecology & Obstetrics mostrou que o Brasil concentra 77% das mortes de gestantes e puérperas, comparado com o restante do mundo. A notícia foi amplamente divulgada por sites e jornais de todo o país. No entanto, na época em que o estudo foi divulgado, 9 de julho, 124 mulheres haviam morrido. Hoje, xx dias depois, esse número já está em 201. 

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Em entrevista à CRESCER, a enfermeira obstetra Maíra Libertad explicou: "No início, se apontou que o coronavírus não seria tão grave nas gestantes, mas o Brasil tem mostrado um cenário diferente". Os pesquisadores ainda apontam que mesmo em países como Estados Unidos, que possui uma taxa de natalidade próxima da brasileira, o número de mortes é menor. Dos 160 óbitos no mundo todo, até a publicação do estudo, apenas 16 ocorreram nos EUA. Para ela, o principal motivo de tal diferença está na precariedade do sistema de saúde brasileiro. Os números estão sendo monitorados atualmente por um grupo, do qual Maíra faz parte, que reúne pesquisadores da UNESP, UFSCAR, FIOCRUZ, IMIP e UFSC.

Para o infectologista Marcelo Otsuka, vice-presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), os números no Brasil são realmente alarmamentes. "Alguns dos grande fatores que provavelmente determinaram isso são a não procura pelos serviços médicos, a falta de um pré-natal adequado e um acesso adequado à saúde. Um pré-natal mal acompanhado, infelizmente, ainda é uma situação que ocorre em muitas regiões do Brasil. Sabemos que um terço dessas gestantes não chegaram a ser entubadas, algumas nem tiveram os resultados dos testes do covid. Ou seja, isso acontece não só pela ação do vírus, mas também por uma desasistência médica à essa população, que é de risco alto", alertou. "O cuidado deve continuar, tanto para gestantes quanto para pacientes que tem um risco maior de desenvolvimento da doença", completou.

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