• Vanessa Lima
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Antônio nasceu na 28ª semana de gestação, porque sua mãe foi diagnosticada com síndrome HELLP (Foto: Arquivo pessoal/ Fabiana Rodrigues)

Antônio nasceu na 28ª semana de gestação, porque sua mãe foi diagnosticada com síndrome HELLP (Foto: Arquivo pessoal/ Fabiana Rodrigues)

Você já ouviu falar na síndrome HELLP? Uma complicação gravíssima da pré-eclâmpsia, que é a pressão aumentada na gestação, o problema é raro. Desenvolvida por 10% das mulheres que sofrem com a elevação da pressão arterial durante a gravidez, a síndrome diminui as funções hepáticas e o número de plaquetas no sangue, além da hemólise, que é a quebra de hemácias dentro dos vasos sanguíneos, o que aumenta muito o risco de hemorragia. “As mulheres que têm pré-eclâmpsia precisam ser monitoradas constantemente e fazer exames para controlar sua situação, que é de risco. Falando de uma maneira bem simplificada, a HELLP Síndrome faz com que o organismo da gestante tenha uma intolerância à placenta. O único tratamento possível é retirar a placenta do corpo, isto é, fazer o parto, mesmo que prematuramente”, explica Eduardo Cordiolli, obstetra do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. (saiba mais no quadro, no final da reportagem).

Foi o que aconteceu com Fabiana Rodrigues, de Curitiba. Por conta do HELLP, ela precisou passar por uma cesárera às pressas, quando Antônio, seu filho, tinha apenas 28 semanas de gestação. “Quando desconfiaram da pré-eclampsia, Antônio não tinha nem 500 g e o médico chegou a falar que nem sobreviveria. Com menos de 500 g são considerados abortos”, contou a empresária em entrevista à CRESCER. De acordo com ela, os médicos seguraram o máximo, mas, quando constataram a síndrome, não havia outra solução. O pequeno nasceu com apenas 700 g e 32 centímetros, no dia 19 de janeiro. Desde então, está na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital das Clínicas de Curitiba.

Hoje, Fabiana está recuperada, mas Antônio segue na UTI porque nasceu com baixo peso, prematuro extremo. “Ele teve anemia, infecção (normal para prematuros), porém, no dia 23 de fevereiro, foi até promovido a médio risco e está numa sala nova”, conta a mãe. “Ele está muito bem, quase respirando sozinho. Precisa só ganhar peso”, completa.

Doação de leite: mililitros que podem salvar vidas

A mãozinha de Antônio (Foto: Arquivo pessoal/ Fabiana Rodrigues)

A mãozinha de Antônio (Foto: Arquivo
pessoal/ Fabiana Rodrigues)

A maior dificuldade é justamente o ganho de peso. Com um mês de vida, Antônio toma 20 ml de leite materno a cada três horas. “Eu não tenho muito leite, pois ele não pode mamar no peito, devido ao imenso esforço que teria que fazer pra sugar”, explica Fabiana. Ela conta ainda que, para poder receber alta, o menino precisa estar com, pelo menos, 1,800 kg e mamando no peito. “Sem essas condições, não é liberado”, ressalta.

O leite que a mãe extrai e oferece diretamente para o filho tem de ser ordenhado dentro da UTI, por questões de higiene. O leite que ela retira em casa é levado ao banco de leite, pasteurizado e distribuído a todos os bebês. “Não consigo tirar mais de 20 ml por vez e só posso ir à UTI à noite, em decorrência do trabalho. Então, o leite que ele recebe é, praticamente, de outras mães”, diz Fabiana.

Como o banco de leite do Hospital das Clínicas de Curitiba está com o estoque baixo, a mãe de Antônio usou seu perfil no Facebook para fazer um apelo. “Se você foi agraciada e produz bem mais leite que nós, passe no Banco de Leite do HC e se informe como proceder. Eu e Antônio sabemos bem como aqueles ml que seriam desperdiçados podem salvar uma vidinha!”, pede.

A SÍNDROME HElLPUma das maiores dificuldades do HELLP é que não há tratamentos, nem sintomas. Só é possível perceber o que está acontecendo por alterações em exames laboratoriais. Quando a dor surge, geralmente no alto da barriga, no lado direito, é porque a situação está em estágio avançado demais.De acordo com o obstetra Eduardo Cordiolli, são poucas as mortes por HELLP Síndrome, já que a maioria das mulheres com pré-eclâmpsia fica sob observação constante. O importante é que, assim que se diagnostique o problema, seja feito o parto, mesmo que o bebê seja muito prematuro, já que não há alternativa para diminuir ou retardar o agravamento do estado de saúde da mãe.

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