• Luiza Tenente
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Mãe com criança abatida e cansada (Foto: Thinkstock)

Você sabe como é importante ficar atento ao comportamento e às condições físicas do seu filho, não é mesmo? Se ele estiver sempre cansado, com taquicardia, falta de ar e de apetite, alterações no sono, mucosas das pálpebras e das gengivas descoradas, dificuldades na escola e preguiça de brincar, esses podem ser indícios de um problema que merece a devida atenção: a anemia. Ela ocorre quando a concentração de hemoglobina -- componente do sangue responsável por transportar oxigênio para todas as células do corpo-- diminui e, consequentemente, o abastecimento do gás para os tecidos fica comprometido. Mas por que o problema ocorre? Entre as crianças, a causa mais comum é a deficiência de ferro (anemia ferropriva), um dos elementos que formam a hemoglobina. No Brasil, estima-se que entre 30% a 50% dos lactentes tenham esse tipo de problema, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria.

Atenção: só o pediatra é quem pode confirmar o diagnóstico. “A doença é silenciosa, com poucas manifestações clínicas. Os sintomas podem ser facilmente confundidos com os de outras doenças, como problemas cardíacos e infecções”, explica Artur Delgado, pediatra-nutrólogo do Hospital Israelita Albert Einstein (SP). Por isso, o procedimento mais comum para ter a certeza de que a criança tem anemia é o exame de sangue – o hemograma indicará a alteração na concentração de hemoglobina. Para saber se é a carência de ferro que está por trás do problema, o médico deve solicitar mais dois exames: o de ferritina e o de ferro sérico, que mostrarão a quantidade exata do elemento no organismo.

Tratamento


Se o resultado confirmar que seu filho tem anemia por essa razão, não precisa se desesperar. O tratamento é simples: a criança tomará suplementação de ferro medicamentosa, para suprir a carência do nutriente e equilibrar os níveis de hemoglobina. No prazo de 45 dias, em geral, a doença já está curada. “É importante refazer os exames nas consultas de rotina com o pediatra, para monitorá-la”, avisa Monica Venturineli, nutricionista clínica do Hospital Sírio-Libanês (SP). Um estudo publicado no periódico Canadian Medical Association Journal revelou que a suplementação de ferro pode trazer benefícios cognitivos para as crianças, como melhora no desempenho escolar. Isso acontece porque, com a reversão da anemia, o cérebro volta a receber a quantidade de oxigênio adequada. Portanto, seu filho vai recuperar a concentração nas aulas, a vontade de brincar e a disposição para as tarefas do dia a dia.

Prevenção


A anemia pode ser prevenida desde o nascimento. O aleitamento materno exclusivo até os seis meses supre a necessidade de ferro do bebê, porque o mineral presente no leite da mãe é bem aproveitado pelo organismo. Se você não puder amamentar, peça ao pediatra que receite uma fórmula – todas têm um aporte extra de ferro. O erro é dar à criança leite de vaca integral nos primeiros anos, porque ele é pobre no mineral.

Depois da introdução de alimentos sólidos, ofereça ao seu filho carne vermelha, caldo de feijão, nozes, castanhas e verduras escuras, como brócolis e rúcula. Essas são ótimas fontes de ferro! Uma dica é combinar tudo com vitamina C, que facilita a absorção do nutriente pelo organismo. Pode ser uma fruta ou um suco de morango, laranja, mexerica ou kiwi. Mas sirva na hora, porque a vitamina se perde rapidamente em contato com o oxigênio e a temperatura ambiente.

Por fim, a nutricionista Vânia Sarmento, da Unifesp (SP), alerta que o cálcio não deve ser consumido nas refeições ricas em ferro. “Eles competem no organismo, dificultando o aproveitamento do ferro”, explica. Portanto, queijos e derivados de leite, que são super importantes, devem entrar em outra refeição, mas nunca combinados com carnes, por exemplo.