• Amanda Oliveira
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Cuidar de crianças pequenas não é uma tarefa fácil. Em um piscar de olhos, os pequenos podem aprontar e uma simples brincadeira pode se transformar em um acidente doméstico sério. A mãe Francielle Catarina Schildiwachter, de 28 anos, passou por uma situação como essa após seu filho, Anthony, de apenas 3 anos, cair do sofá e desenvolver um hematoma subdural — quando ocorre o acúmulo de sangue entre o cérebro e seu revestimento externo. 

O pesadelo da família, que mora em Marília (SP), começou no dia 7 de agosto. Na ocasião, Anthony estava brincando na sala, pulando no sofá. "Eu já havia pedido várias vezes para ele se sentar. Até que então, em uma das vezes que ele saltou para cima, perto do braço do sofá, ele acabou atravessando e caindo de cabeça no chão, batendo a lateral da cabecinha", relatou Francielle em entrevista à CRESCER. "Caiu assim na minha frente e eu não consegui segurá-lo, pois foi muito rápido. Ainda consigo ouvir o barulho que fez a batida no chão", acrescentou. 

Menino ficou três dias internado  (Foto: Arquivo Pessoal )

Menino ficou três dias internado (Foto: Arquivo Pessoal )

Após o acidente, o garoto começou a chorar e reclamar de dor de cabeça. Logo depois, vomitou e ficou sonolento. Preocupados, os pais o levaram ao pronto-socorro da cidade. No hospital, a médica solicitou uma radiografia e encaminhou o paciente de UTI móvel para Bauru, onde ele poderia fazer uma tomografia. "Aparentemente, Anthony estava bem, quem olhasse para ele não imaginava o porquê ele estava ali. Mas algo dentro de mim dizia que tinha algo a mais", contou Francielle. 

Quando os exames chegaram, a mãe descobriu que o filho foi diagnosticado com um hematoma subdural e precisaria ser internado para observação. "Meu mundo desabou na minha frente. Um turbilhão de emoções passava pelo meu corpo e eu não sabia o que pensar na hora. Liguei para o meu esposo e foram alguns minutos em silêncio, porque não saíam palavras. Tive muito medo de que o pior acontecesse. Avisamos toda nossa família e começamos uma corrente de orações em favor da vida do Anthony", desabafou. 

Após três dias internado, o paciente não demonstrou nenhuma alteração. "O coágulo ainda estava lá, mas era, sim, uma notícia boa, pois não havia nenhuma alteração maior nele, que era o que os médicos temiam", comemorou Francielle. Com uma boa evolução, Anthony teve alta e passou a ficar em observação em casa. 

Anthony ficou três dias internado  (Foto: Arquivo Pessoal )

Anthony ficou três dias internado (Foto: Arquivo Pessoal )

A mãe mencionou, ainda, que levou o filho a uma neurologista e descobriu que ele também tinha apresentado uma fratura: "Se o hematoma tivesse mais alterações, teria que ter uma intervenção cirúrgica. E quanto à fratura, não atingiu nenhum órgão importante e ela fecharia sozinha com até dois meses". 

Felizmente, o quadro de Anthony foi melhorando e os médicos concluíram que ele não precisará fazer cirurgia. No entanto, a mãe disse que os especialistas alertaram que o menino poderia ficar com algumas sequelas: "O crânio fica sensível para o resto da vida com uma batida forte dessas. Então, ele pode vir a ter convulsões e um estado de febre alta em uma crise forte de choro e em outra queda. Muitas famílias deixam passar essas quedas, não procuram um profissional de saúde. E, lá na frente, vêm as sequelas e muitos não sabem as causas", destacou a mãe. "Por isso, é importante procurar um pronto atendimento e realizar um exame de controle após uma batida de cabeça", completou. 

Após o susto, Francielle busca conscientizar outros pais: "É difícil para nós, mães, manter tudo no nosso controle. Mas todo cuidado ainda é muito pouco. Uma simples brincadeira pode acabar mal. Não devemos deixar de procurar um pronto atendimento. Conviver com um diagnóstico é melhor do que depois você tentar procurar a causa dele", declarou.

Quais são os sinais de que a criança deve ser levada ao hospital após bater a cabeça?

De acordo com a pediatra Ana Escobar, colunista da CRESCER, bater a cabeça é sempre preocupante. Nas situações mais graves, em que a criança fica inconsciente, a dica é evitar movimentá-la (inclusive a cabeça) e chamar imediatamente o Samu. Nos demais casos, deve-se prestar atenção ao estado de consciência após a batida. Se a criança apresentar sinais de sonolência, deve ser levada ao pronto-socorro. Se acontecer próximo ao horário de dormir, não adianta deixá-la acordada forçosamente, pois não será possível avaliar se há ou não rebaixamento de consciência. Na dúvida, é melhor uma avaliação médica. Outro sintoma que chama a atenção é o vômito. Nesse caso, também deve ser levada ao PS. Bater a cabeça pode ser muito perigoso, mesmo que a criança não demonstre sintomas.

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