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Uma jovem mãe morreu de câncer de mama depois que o nódulo que ela mostrou ao médico foi confundido com "ducto de leite bloqueado". Sophie Collins, 26 anos, de Kent, na Inglaterra, deixou a família em janeiro de 2022 após o câncer, de forma agresiva, espalhar-se por todo o seu corpo.

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Mãe solo, Sophie foi diagnosticada 13 meses antes, enquanto estava grávida de 10 semanas de seu segundo filho. Nos últimos meses de vida, Sophie tentou conscientizar e pressionar as mulheres jovens a considerarem a possibilidade do câncer de mama afetá-las também. Agora, assumindo a causa, o irmão dela, Matthew, está compartilhando a história de Sophie na esperança de que isso ajude a salvar outras mulheres de um destino semelhante. 

“Sophie era uma pessoa maravilhosa. Alegre, gentil e corajosa. Ela era muito engraçada e conseguia me fazer chorar de tanto rir. Sempre fomos inseparáveis. Mas depois que nosso pai morreu de câncer, quando eu tinha 14 anos e ela 10, ficamos ainda mais unidos", declarou Matthew.

Sophie era mãe solteira e deixou duas filhas: uma de 3 anos e outra de apenas 8 meses (Foto: Reprodução/Mirror)

Sophie era mãe solteira e deixou duas filhas: uma de 3 anos e outra de apenas 8 meses (Foto: Reprodução/Mirror)

Diagnóstico

Sophie notou pela primeira vez algo em sua mama esquerda ao sair do banho. Depois de conversar com a família, ela foi ao médico, que "dispensou o caroço como sendo apenas um ducto de leite bloqueado", já que ela estava grávida de sua segunda filha. "O médico ainda deu conselhos para que ela massageasse o local com água morna", contou Matthew.

Mas o procedimento não ajudou e, como o caroço continuou a crescer, Sophie insistiu em buscar uma segunda opinião. Foi, então, que ela chegou ao diagnóstico de câncer de mama triplo negativo estágio três, que já é considerado uma forma mais agressiva da doença. O seio esquerdo de Sophie foi removido em janeiro de 2021, mas biópsias feitas após a cirurgia revelaram que a doença havia se espalhado para os linfonodos próximos. Em março do mesmo ano, ela começou a quimioterapia.

Depois de dar à luz Delilah, em 14 de abril, um exame mostrou que o câncer havia se espalhado ainda mais, com tumores em sua clavícula. Neste momento, os médicos disseram a Sophie que seu câncer era incurável e terminal. Ela passou a compartilhar atualizações sobre sua jornada nas redes sociais, inicialmente como uma forma de manter os entes queridos informados sobre como ela estava. Mas não demorou muito para que outras jovens mulheres a procurassem em busca de conselhos depois de também serem diagnosticadas com câncer de mama.

Legado

"Tudo o que ela queria era mais tempo com seus bebês", lamentou o irmão, em entrevista ao The Sun. Sophie passou por rodadas de quimioterapia exaustivas, na esperança de retardar a doença, mas o câncer já estava também em seus quadris e costas. Três semanas depois de terminar a quimioterapia, em setembro, os médicos deram a notícia de que o tratamento não havia funcionado.

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Agora, a primogênita de Sophie, Daisy, 3 anos, e sua irmãzinha Delilah, 8 meses, estão morando em casas separadas, cada uma com seus pais. "Nossos corações estão partidos pelas meninas de Sophie. Elas foram tiradas de sua mãe, que faria qualquer coisa por elas", lamentou Matthew.

"Desde que Sophie morreu, muitas pessoas nos enviaram mensagens para dizer que estavam seguindo as postagens dela, comentando como ela era uma pessoa adorável e corajosa. Uma verdadeira guerreira. E, meu Deus, ela lutou até seu último suspiro. Somos uma família muito próxima. A morte de Sophie deixa um enorme espaço vazio em nossos corações. Mas estamos muito orgulhosos da mulher maravilhosa que ela foi. Mesmo que seu tempo e energia fossem limitados, ela se empenhou para apoiar e aconselhar outras jovens. Isso diz tudo sobre ela”, finalizou o irmão.

Agora, Matthew, irmão de Sophie, compartilha sua história para ajudar outras jovens (Foto: Reprodução/Mirror)

Agora, Matthew, irmão de Sophie, compartilha a história dela para ajudar outras jovens (Foto: Reprodução/Mirror)

Câncer de mama na gravidez

Na gestação e na amamentação, é comum as mamas incharem, então, como diferenciar um possível nódulo natural das mamas de um câncer? Segundo Felipe Zerwes, presidente da Comissão Nacional Especializada em Mastologia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), e Maira Caleffi, presidente da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), não é fácil realizar um diagnóstico de lesão nas mamas durante a gravidez e no puerpério devido às modificações naturais que ocorrem nesse período. No entanto, qualquer área considerada mais endurecida ou assimétrica (presente em uma mama, mas não na outra) deve ser avaliada pelo médico. O obstetra vai determinar se é necessário realizar ultrassonografia ou ecografia das mamas de acordo com o caso.

Porém, o mais indicado é que as mulheres façam os exames de rotina antes da gestação, mas é possível, sim, realizar a mamografia durante a gravidez, apesar de não ser comum. Geralmente, utiliza-se a ultrassonografia mamária na investigação inicial de qualquer problema durante a gestação, mas em casos de dúvidas ou suspeitas de câncer, a mamografia deve ser realizada. Ela é um exame de baixa radiação focado apenas nas mamas e coloca-se um avental de chumbo protegendo a barriga/pelve da mulher. A indicação durante a gestação restringe-se a casos em que há necessidade de investigação de lesões suspeitas.

A boa notícia é que, segundo os especialistas, o câncer de mama gestacional é incomum e corresponde a cerca de 3% de todos os cânceres de mama diagnosticados. Já os tratamentos devem ser personalizados, respeitando a fase gestacional e a saúde da mãe e do feto. Por exemplo, no primeiro trimestre é proibida a utilização de quimioterápicos. Já as terapias anti-her2 (medicações utilizadas para determinado tipo de câncer de mama) são contraindicadas em qualquer fase gestacional, assim como a radioterapia. As cirurgias, por sua vez, podem ser realizadas em qualquer período.

Sobre os sintomas, nem sempre o câncer de mama sempre causa um nódulo, que é possível identificar em um exame de toque. Por isso é importante reconhecer os outros sinais da doença: alterações na pele, como abaulamentos ou depressões e secreção sanguinolenta ou cristalina espontânea pelo mamilo. Já as alterações simétricas, que ocorrem em ambas as mamas, na maioria das vezes são benignas, mas devem ser relatadas ao médico de qualquer forma. Além disso, resultados de mamografia que indicam a presença de microcalcificações também precisam ser investigados, pois podem ser indícios de câncer ou alterações benignas.

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